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Estado de Minas

'Onda verde' no trânsito não funciona mais e atravessar sinais vira desafio em BH

Crescimento da frota ajuda a atropelar todas as tentativas de garantir fluidez


postado em 13/09/2013 06:00 / atualizado em 13/09/2013 06:35

Motoristas saem do sinal verde no cruzamento da Avenida Bias Fortes com Rua São Paulo, mas são obrigados a parar no vermelho logo à frente(foto: MARCOS VIEIRA/EM/D.A PRESS)
Motoristas saem do sinal verde no cruzamento da Avenida Bias Fortes com Rua São Paulo, mas são obrigados a parar no vermelho logo à frente (foto: MARCOS VIEIRA/EM/D.A PRESS)

A onda verde no trânsito de Belo Horizonte já passou. O sistema instalado nas últimas décadas para garantir a fluidez do trânsito em várias avenidas com sinais abertos simultaneamente para veículos a uma velocidade média de 60km/h ficou para trás. O crescimento acelerado da frota, que já chega a 1,5 milhão de veículos, e outros problemas, como traçado de vias e falta de educação de motoristas que fecham cruzamentos, atropelaram todas as tentativas para garantir fluidez. Foi um aumento de 96% na frota, já que há 10 anos eram 795 mil veículos. Hoje, cerca de 300 carros são emplacados diariamente na cidade. Com tantos automóveis nas ruas, qualquer iniciativa parece condenada ao fracasso.

Outra tentativa foi o Controle Inteligente de Tráfego (CIT), implantado em 2002, por meio de dispositivos instalados no asfalto para acompanhar e controlar a fluidez, que foi prejudicado pelas obras frequentes de recapeamento. Agora, chegou a vez dos olhos eletrônicos, além da grande expectativa para o Move, transporte rápido por ônibus (BRT, na sigla em inglês), que  por enquanto não empolga motoristas e passageiros, antes mesmo de ser implantado.

São 24 câmeras que contam o número de carros e controlam e alteram tempo de semáforos e outras 80 que monitoram o trânsito. Mesmo assim, os congestionamentos e as reclamações persistem diante de uma espécie de onda vermelha. Basta dar uma volta por BH para constatar que a onda verde com veículos a  60km/h em média não é mais viável. O Estado de Minas percorreu quatro corredores (Afonso Pena, Cristiano Machado, Amazonas e Contorno) para checar a sincronia dos semáforos, mas o sistema levou nota vermelha em todos os trechos.

Trânsito congestionado em sequência de sinais vermelhos na Avenida Antônio Carlos (foto: Jair Amaral/EM/D.A PRESS)
Trânsito congestionado em sequência de sinais vermelhos na Avenida Antônio Carlos (foto: Jair Amaral/EM/D.A PRESS)
Na sequência de semáforos, há sempre um sinal fechado para carros, mesmo mais perto da velocidade adequada. Em alguns casos, o semáforo abriu e voltou a fechar sem que o veículo conseguisse chegar ao cruzamento. Motoristas reclamam também do problema nas avenidas Bias Fortes, Antônio Carlos, Silviano Brandão e Pedro II.

Na Amazonas, um terço dos 18 semáforos entre a Praça Sete e a Avenida do Contorno (no Bairro Santo Agostinho) ficaram vermelhos durante o trajeto, por volta das 13h. Na volta, seis sinais vermelhos interromperam o fluxo de veículos. Na Afonso Pena, a situação foi parecida. Entre as praças da Bandeira (Mangabeiras) e Praça Rio Branco, perto da rodoviária, no Centro, sete dos 28 sinais de trânsito fecharam, enquanto na viagem de volta, seis dos 30 estavam vermelhos. A situação foi sempre pior nas imediações da área central, onde a velocidade média cai devido à função da grande concentração de veículos.

Retido no congestionamento da Afonso Pena com Rua São Paulo, o assessor parlamentar Leonardo Dias, de 33 anos, tinha no rosto expressão de cansaço por enfrentar tanta lentidão. "Estou vindo do Bairro de Lourdes e peguei muito mais sinais vermelhos do que verdes. É muito desgastante".

Há oito anos na praça, os taxistas Alisson Caldeira, de 27 anos, e Júlio César Vieira, de 42, se lembram do trânsito com fluidez. "Parece pouco tempo, mas a situação era bem diferente. Era possível manter a velocidade e atingir a sincronia dos semáforos", diz Alisson.

O colega vai além e cobra da BHTrans medidas mais eficientes para melhorar a regularidade entre os semáforos. "A cidade precisa de um sistema moderno de engenharia de tráfego, porque o trânsito chegou ao limite. Está insuportável", comenta.

A falta de educação dos motoristas que fecham cruzamentos é apontada também como causa da longa espera nos sinais vermelhos. O problema pôde ser visto no cruzamento da Contorno com Rua Salinas, onde um verdadeiro nó se formou. No trecho da Contorno entre Rua Itajubá e Avenida Getúlio Vargas, não adianta tentar manter a velocidade da via (60km/h), que o sinal vermelho vai te parar. Dos 17 semáforos instalados no intervalo, cinco estavam fechados.

LINHA VERDE

A Avenida Cristiano Machado, que funciona como parte da Linha Verde (ligação do Centro ao aeroporto de Confins) passou por inúmeras obras e construção de viadutos para ter maior fluidez. Mesmo depois de tantas intervenções, a onda verde também não deu certo na via, onde a reportagem encontrou cinco dos 17 sinais, fechados.

O percurso leva em conta toda a extensão da avenida. Na viagem de volta, situação ainda pior. No encontro da avenida com o viaduto Hélio Pelegrino, o sinal vermelho ficou verde e voltou a ficar vermelho. Com isso, foram seis semáforos fechados entre os 17 do trecho. O problema é sempre mais crítico nos cruzamentos de maior movimento, como Silviano Brandão, Bernardo Vasconcelos (próximo ao Minas Shopping), Sebastião de Brito e Waldomiro Lobo. Na chegada ao Centro, próximo da entrada do Túnel da Lagoinha, motoristas se cansam de ver o último sinal da Cristiano Machado abrir e fechar sem o trânsito fluir.


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