Shvan foi acolhido por uma família de Santa Luzia, onde é tratado como filho, e trabalha como soldador numa empresa de ContagemPrimogênito de uma família de seis filhos e natural de Hasaka Alhamraa, ele saiu de casa em busca de trabalho, diante da pobreza da famíliaO pai perdeu as terras nas quais plantava trigo e algodão e Shvan peregrinou por Homs e Damasco até chegar a Der Atya, onde conseguiu emprego num hotel
De etnia curda e de religião muçulmana, Shvan gosta de ser tratado, na intimidade, pelo apelido curdo de Hvras (Ravrás, em português)“Lá ninguém podia pronunciá-lo, com medo de perseguições políticas, por isso gosto tanto de ouvi-lo no Brasil”, conta o jovem, ao lado da dona de casa Magda Aparecida Rodrigues Torres Barros, a quem chama de mama, e do filho dela, o engenheiro mecânico Felipe, de 27“Um dia, apareceu por lá um grupo de 20 estrangeiros, entre eles um brasileiro, o empresário Antônio Carlos
CARINHO Na sala da casa, Shvan recebe o carinho de MagdaEla conta que decidiu atender o pedido de Antônio Carlos de imediatoO sírio, por sua vez, conseguiu dinheiro emprestado com o tio parar custear a viagem ao Brasil“Não aguentava ficar maisMinha família se dividiu, uns foram para o Iraque, outros para a Europa e meus pais estão em Hasaka AlhamraaEu chorava sozinho, as bombas caíam a todo instante e as mulheres nas ruas.”
Shvan desembarcou em São Paulo em julho de 2012 e Magda providenciou o translado para Confins e foi recebê-lo de braços abertos“Acho que houve um entrosamento rápido, foi um amor da família à primeira vista”, revela a dona de casa, certa de que “foi uma vida que salvamos”
Hoje, trabalha numa empresa em Contagem e frequenta o curso de português para estrangeiros no câmpus da UFMG, na Pampulha“Quero ser tradutor. “Não gosto de ver as reportagens sobre a Síria, as imagens mostram muito sofrimentoEstou, sempre que posso, conectado nas redes sociais.”
“Se voltar, vão colocar uma arma nos meus braços e mandar que eu mate irmãos”, observa o sírioEle não gostaria que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, autorizasse uma intervenção militar na sua terra: “Podem tirar o presidente Bashar al-Assad do poder, mas, por favor, não atinjam a população”
SOLIDARIEDADE
Hoje, às 18h, na Catedral de Nossa Senhora da Boa Viagem, no Bairro Funcionários, em BH, o padre George Rateb Massis, da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus dos Siríacos Católicos, celebra missa para a comunidade síria“Estamos preocupados com a situação no meu país”, disse ontem o religioso, que participou de uma reunião em Brasília (DF)Desde julho de 2012, a convite da Arquidiocese de Belo Horizonte, os mineiros se mobilizam para ajudar a SíriaA campanha humanitária Juntos pela Síria arrecada recursos a serem enviados ao país do Oriente MédioEm julho de 2012, o padre George, há nove anos no Brasil, viajou à terra natal levando as contribuições.
SERVIÇO
Campanha Juntos pela Síria
– Banco do Brasil
– Agência: 3494-0
– Conta corrente: 30.351-8
– Mitra Arquidiocesana de Belo Horizonte