Valquiria Lopes
As mudanças no leiaute da Feira de Artes, Artesanato e Produtores de Variedades de Belo Horizonte agradaram o público no primeiro dia de funcionamento. Desde ontem, a tradicional feira hippie que funciona na Avenida Afonso Pena, no Centro de BH, passou a ser montada com nova distribuição das barracas, dispostas agora em grupos de quatro. A reformulação atende a uma exigência do Corpo de Bombeiros e foi recomendada pelo Ministério Público, desde 2004. O projeto visa à liberação de mais corredores, maior visibilidade e segurança em situações de pânico e foi visto como positiva na avaliação de parte dos 2.156 feirantes. Consumidores que visitaram a feira hippie ontem disseram se sentir mais confortáveis para transitar pelo pólo de vendas, que recebe cerca de 70 mil pessoas a cada domingo.
No entanto, as mudanças desagradaram alguns feirantes que deixaram locais privilegiados para o comércio, já que a alteração foi feita por meio de sorteio e não apenas por remanejamento. A implantação das mudanças será feita em duas etapas. Foram pioneiros os setores F, G, H, I, J, P, S e Z, entre a Avenida Álvares Cabral e Afonso Pena. Nessas alas estão dispostos produtos de crianças; bijuterias; arranjos de casa; cintos, bolsas e acessórios; calçados; alimentação, além dos quadros e esculturas. No próximo domingo, a nova disposição das barracas será feita para os setores A, B, C, D, e E, localizados entre a Avenida Álvares Cabral e Rua da Bahia.
De acordo com a gerente de feiras da Regional Centro-Sul, Andréa Lúcia Bernardes, a próxima etapa será a instalação de 80 extintores ao lado das barracas e de 71 placas com a sinalização das rotas de fuga, em caso de pânico ou incêndio. “Nos próximos meses, um grupo de 690 brigadistas será formado para atuar nas situações de emergência. Ao fim de todo o trabalho, a feira estará funcionando em conformidade com as determinações do Corpo de Bombeiros”, diz Andréa.
VISIBILIDADE
Um dos satisfeitos com as alterações é o feirante Luiz de Assis, de 53 anos. Depois de 25 anos na feira e de três mudanças de lugar, ele conta que as bijuterias que vende estão tendo maior visibilidade. “Antes, meu box ficava espremido em um corredor”, ressalta. Tânia Aparecida Evangelista, de 40, e a filha Milena, de 18, aprovaram o projeto. “Das sete barracas que viemos procurar, só não encontramos uma. Mas é notório que a disposição ficou melhor”, diz Tânia. As duas são moradoras de Lavras, no Sul de Minas, e vêm à capital todo mês para fazer compras na feira.
LINHA DO TEMPO
2004 – Corpo de Bombeiros denúncia a Feira Hippie ao Ministério Público Estadual (MPE) pela falta de projeto de combate à incêndio. Ministério aciona a Prefeitura de Belo Horizonte para elaborar o plano de segurança.
2004 – Um corredor de emergência para passagem de viaturas policiais e do Corpo de Bombeiros é aberto no lado direito da Avenida Afonso Pena, no sentido Centro-Bairro.
2009 – Novo projeto para disposição das barracas da Avenida Afonso Pena foi feito pela PBH, mas desagradou expositores de quadros e pinturas, que não poderiam mais ficar no passeio da Afonso Pena. Câmara Municipal abre exceção no Código de Posturas, que proíbe exposição sobre a calçada e autoriza a permanência desses comerciantes no mesmo local.
2010 – Novo leiaute fica pronto, mas não sai do papel. Enquanto a prefeitura insiste em fazer sorteio para definir a nova disposição das barracas, feirantes entram na Justiça pedindo apenas o remanejamento dos boxes.
2011 – Expositores conseguem liminar contra o sorteio.
2013 – Prefeitura vence a queda de braço no Tribunal de Justiça e é autorizada a fazer o sorteio. O processo ocorreu
em julho e agora está sendo implantado.