Reza o ditado popular que “quem procura acha”, mas a vida ensina que, nessa empreitada, se pode encontrar até o que não se procura. Na semana passada, DeleGata espalhou faixas em busca de Bonito, um advogado de 34 anos, solteiro, do Bairro Santo Antônio, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, que conheceu em um bate-papo da internet. Oito dias depois, na terça-feira, Flávia Azevedo, advogada mineira de 30 anos, localizou o paquera. Ela recebeu a ligação de um rapaz formado em comércio exterior, comprometido e morador do Bairro Belvedere, na Zona Sul. “Ele havia mentido sobre tudo, inclusive a idade, pois tem 33. Tinha brigado com a namorada e entrou no chat para sair com alguém”, conta.
Flávia DeleGata não encontrou seu amor, mas pelo menos voltou a ter paz: “Estou muito aliviada, parece que tirei um piano das costas”. Desde a semana passada, quando estampou o número de seu celular em quatro faixas, ela não teve mais sossego. Recebeu milhares de mensagens e ligações, de incentivo, de interessados e também trotes, ganhou fama repentina e concedeu entrevistas para todo o Brasil. Ao descobrir que o paquera era uma grande farsa, Flávia se decepcionou e chorou muito. Mas, assim como os escritos na sua camisa, “Je ne regrette rien”, trecho da música de Edith Piaf, não se arrepende de nada.
A ex-policial militar, que agora estuda para concursos, afirma ter certeza absoluta de que o homem com quem conversou na noite de terça-feira era o verdadeiro Bonito. “Ele contou detalhes do nosso bate-papo, confirmando, por exemplo, que me chamou para a Pizzaria Olegário”, detalha. Ao telefone, o ex-pretendente justificou a atitude. “Ele contou que não costuma entrar em chats e havia feito isso porque tinha brigado com a namorada. Me pediu desculpas, disse que estava arrependido e demorou a ligar porque achou que eu ia ficar com raiva”, diz.
Para se retratar, Bonito até disse que colocaria faixas de desculpa pela cidade. “Falei que não precisava”, conta DeleGata, que aos poucos vai se despedindo do apelido usado no chat. Aliás, ela quase não entra mais no bate-papo. Apesar de continuar recebendo ligações de interessados, na semana que vem, vai trocar o número do telefone. Mas, hoje, Flávia ainda aproveitará a fama da própria personagem e pretende ir a uma festa do antigo programa Good Times, que cantou o romantismo nas ondas do rádio. “É uma festa sobre o amor e me convidaram por causa da DeleGata. Mas não vou receber cachê”, diz.
Ao olhar para toda a saga, Flávia prefere ver o que ficou de positivo. “Alcancei meu objetivo, que era encontrar o Bonito. Recebi muitas mensagens de carinho e apoio de pessoas desconhecidas, que me ligam até para desabafar. Mexi com o sentimento de todos, pois, afinal, todo mundo busca um amor, como me disse um tenente-coronel da Força Aérea de Brasília”, conta.
O enredo, porém, também a deixou sob alerta. “Estou mais insegura com as pessoas. Acho que é possível achar uma pessoa legal, mas tenho mais medo”, diz. A parte boa da história é que, ao procurar o Bonito, Flávia também acabou conhecendo um outro rapaz, com quem ainda não teve um encontro “tete-à-tete”. “Ele me liga desde o primeiro dia que espalhei as faixas. Ainda não sei se vou encontrá-lo, mas gostei da insistência dele. Só espero que ele não seja casado”, confessa. Daqui para a frente, é deixar rolar...