Jornal Estado de Minas

Maioria dos municípios ignora plano de prevenção à chuva

Apenas 90 municípios estavam representados no evento em que as secretarias estaduais apresentaram seus planos para a temporada de chuva em Minas

Paula Sarapu
Apesar da convocação geral para o lançamento do plano de emergência pluviométrica, apenas 90 municípios estavam representados, ontem, no evento em que as secretarias estaduais apresentaram seus planos para a temporada de chuva em Minas
O comandante da Defesa Civil estadual, Luis Carlos Dias Martins, demonstrou preocupação, sobretudo por causa da previsão de chuvas mais fortes nos locais que normalmente são vulneráveisEle lembrou que a esmagadora maioria dos municípios elegeram outra gestão municipal, o que exigiu novo treinamento de funcionários e voluntários, e cobrou uma postura mais incisiva das prefeituras para impedir ocupações irregulares e invasões em áreas de risco.

“As ações de prevenção são realizadas pelos municípiosO estado apoia os projetos, mas entendemos que essas ações já devem ter sido vencidas pelas prefeituras e comunidades”, afirmouSegundo ele, as previsões captadas pelo radar meteorológico serão divulgadas por mensagens telefônicas para coordenadores municipais de Defesa Civil, rádios locais e voluntários“Estamos entrando no período chuvoso e temos que temer as chuvas e suas consequênciasOs prefeitos precisam entender o que é necessário e a comunidade deve ser avisada sobre o risco.”

Com base nas previsões meteorológicas, os bombeiros também atuarão preventivamente e serão mandados aos lugares com risco de desastres dias antes das chuvasCerca de 500 militares vão compor um batalhão emergencial, que poderá receber ainda alunos do curso de formaçãoEste ano o estado terá 11 depósitos avançados para apoio humanitário, com kits de higiene e limpeza, colchonetes, cobertores e alimentosAlém dos depósitos de BH e Montes Claros, que já funcionavam, haverá pontos de apoio em Pouso Alegre, Lavras (Sul de Minas), Barbacena (Região Central), Juiz de Fora, Ubá, Manhuaçu (Zona da Mata), Governador Valadares (Vale do Rio Doce), Teófilo Otoni (Vale do Mucuri) e Diamantina (Vale do Jequitinhonha)Duas máquinas potabilizadoras, doadas pela Coca-Cola, também vão garantir que a população tenha acesso a água potável, mesmo durante tragédias
Com tecnologia espanhola e usada pela primeira vez no Brasil, as máquinas são móveis, facilmente transportadas e processam 3 mil litros/hora de água.

Em relações às obras, o estado informou que está concluindo 2,7 quilômetros de requalificação urbana e ambiental do Ribeirão Arrudas, com reassentamento de 1.025 famílias, implantação de sistema de drenagem e construção de viadutosNo entanto, às vésperas do período chuvoso, há menos de dois meses, a Secretaria de Transportes e Obras Públicas publicou edital de licitação para contenção de encostas“O problema é a burocracia, que emperra, também somada à insegurança jurídicaOs agentes públicos se cercam de toda prevenção para evitar problemas com a fiscalização”, justifica o secretário Carlos Melles

 Para a coordenadora do curso de Engenharia Ambiental do Centro Universitário Newton Paiva, Érica Sabre, todas essas medidas são paliativasEla cita o exemplo de Ponte Nova, cidade da Zona da Mata que cresceu sem planejamento no entorno do Rio Piranga“O que o poder público precisa fazer é evitar que o problema aconteçaIsso se dá impedindo a ocupação desordenada à beira de rios, córregos e encostasPor mais complicado que seja, é preciso retirar a população que se instalou nesses lugares.”