Os católicos de todo o planeta se preparam para realizar na próxima sexta-feira, 04 de outubro, uma celebração histórica do dia de São Francisco de Assis. Isso porque, pela primeira vez, a festa acontece no pontificado do Papa Francisco, que, mais do que utilizar o mesmo nome, tem comandado o Vaticano à luz da história de simplicidade e dos ensinamentos do santo chamado por Deus para reconstruir uma 'igreja em ruínas', como lembra Frei Adilson Corrêa da Silva, da paróquia São Francisco das Chagas, em Belo Horizonte.
"O Dia de São Francisco de Assis é sempre muito especial, mas quando acontecem tantas coincidências como agora, com pela primeira vez um papa latino-americano, pela primeira vez um papa jesuíta e pela primeira vez um papa que escolhe o nome de Francisco, que atendeu o chamado de Cristo para reconstruir a Igreja, com tanta novidade é porque vai ser mesmo especial", celebra Frei Adilson.
Para a festa desta sexta-feira, o religioso pede que os fiéis escutem com atenção ao Evangelho. "Pediria que viessem com o coração aberto para escutar a palavra de Deus, porque foi escutando a palavra de Deus que São Francisco ouviu sua convocação e é ouvindo e comungando do Evangelho que vamos encontrar nossa vocação e os valores pregados pelo santo, como o diálogo e a paz", lembra o Frei.
Festas em Assis e na Grande BH
Na Itália, as atenções estão voltadas para Assis, terra natal de São Francisco, onde, na sexta-feira, o Santo Padre fará a primeira visita à cidade em seu papado. Além de celebrar uma missa e se reunir com clero e jovens, o Papa também se encontrará com crianças doentes e pessoas que vivem em situação de pobreza e são assistidas pela Cáritas (confederação de organizações humanitárias da Igreja). De acordo com informações da Cúria, a intenção de Francisco é andar "a pé como um simples peregrino na cidade do Pobrezinho". Mais de 300 mil pessoas devem acompanhar a visita.
Já na Grande BH, o dia será de festas em Belo Horizonte, Caeté, Betim e Contagem. Na capital mineira, a celebração acontecerá nos bairros Pompéia (Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Pompéia), Carlos Prates (Paróquia São Francisco das Chagas), Santa Tereza (Paróquia Santa Teresa e Santa Teresinha) e na Pampulha, na Capela São Francisco de Assis, onde haverá exposição de artes, apresentações de teatro e música, bênção aos animais e celebração da passagem de São Francisco.
Já em Caeté, a maior expectativa é pela celebração da missa pelo arcebispo Dom Walmor Oliveira de Azevedo, na Praça da Matriz São Francisco de Assis. Em seguida, haverá apresentação musical e show pirotécnico. Confira a programação completa das celebrações na Região Metropolitana de Belo Horizonte clicando nas imagens abaixo:
História de São Francisco de Assis
São Francisco nasceu em Assis, na Itália, no ano de 1182. Seu pai era um rico comerciante de tecidos, o que permitiu a Francisco uma infância e juventude de fartura e a possibilidade de continuar o comércio. Quando jovem, o santo sempre procurou a realização de grandes ideais e o dinheiro do pai ajudava em seus projetos - vestia as melhores roupas, dispunha de vinho e comida para promover festas entre amigos.
Durante uma revolta do povo contra os nobres da cidade de Assis, Francisco tomou partido na causa social. Durante os confrontos, ele foi preso e permaneceu no cárcere por um ano. Seu pai pagou pela libertação. Enfraquecido e sem projeto de vida, Francisco se empenhou no ideal de buscar voluntários para as suas lutas em defesa dos territórios.
No entanto, em sua primeira cruzada com o exército, reza a tradição que Deus teria questionado o jovem em seu íntimo: "Francisco, a quem deves servir, ao Senhor ou ao servo?" Francisco compreendeu que deveria servir a Deus, abandonou o seu ideal e retornou a Assis humilhado por deixar a luta.
Francisco foi aos poucos se transformando. Passava muitas horas sozinho, buscava lugares isolados no campo e quando encontrava um mendigo, doava o que dispunha no momento. Aos poucos foi se habituando à oração. Na sua conversão, sofria as dúvidas e fraquezas humanas. Em um momento difícil da vida, Francisco encontrou no caminho um leproso e, diante do horror das feridas e do odor, pensou em fugir. Movido por um grande amor, venceu o obstáculo, voltou-se para o leproso, e o abraçou e beijou, reconhecendo nele um irmão.
Numa ocasião também importante, encontrava-se em oração na Igreja de São Damião - uma capelinha quase destruída - e olhando o crucifixo e examinando as paredes caídas ao redor, compreendeu o pedido de Deus. "Francisco, reconstrói a minha Igreja". Para empreender o projeto de reconstruir a Igreja, Francisco retirou recursos do pai. Este, já enfurecido pelas atitudes e prevendo o risco de perder o patrimônio nas mãos do filho "maluco", abriu um processo perante o Bispo para deserdá-lo.
Diante das acusações do pai, na frente do Bispo e de todos, Francisco tirou as próprias vestes e, nu, devolveu-as ao pai dizendo: "Daqui em diante tenho somente um pai, o pai nosso do céu".
Francisco passou a reconstruir as igrejinhas caídas com o seu próprio trabalho, assentando pedras, comendo do que lhe davam na rua. Depois que reconstruiu a Igreja de São Damião, restaurou também uma capela próxima aos muros de Assis e uma outra, a Igreja de Santa Maria dos Anjos.
Com o tempo São Francisco compreendeu que deveria reconstruir a Igreja dos fiéis e não somente as igrejas de pedra. Durante uma missa na leitura do Evangelho ouve e compreende que os discípulos de Jesus não devem possuir ouro, nem prata, nem duas túnicas, nem sandálias. E que devem pregar a Paz e a conversão. No dia seguinte os habitantes de Assis foram surpreendidos quando ele chegou com uma túnica simples, uma corda amarrada à cintura e os pés descalços. A todos que encontrava na caminho dizia: "a paz esteja com vocês!"
São Francisco passou a falar da vida de Evangelho nos lugares públicos de Assis. Falava e agia com tamanha fé que o povo ouvia com respeito e admiração.
Bênção aos animais
Famoso também pelo grande apreço que tinha pela natureza, São Francisco ficou conhecido mundialmente como o santo patrono dos animais. Durante as celebrações da sexta-feira na Grande BH, serão realizados momentos de bênção aos bichos em paróquias de Belo Horizonte e Contagem (confira na programação abaixo). Frei Adilson lembra que abençoá-los é, de certa forma, um modo de reconhecer o valor de toda a vida no planeta. "Ao lembrar os animais, estamos lembrando todas as criaturas que estão muito próximas de nós, abençoando eles queremos abençoar todas as criaturas", diz.