A decisão da Associação dos Moradores do Bairro de Lourdes (Amalou), Centro-Sul de BH, de adotar uma série de medidas para evitar mendigos, principalmente na Praça Marília de Dirceu, provocou reações diversas de outras entidades, inclusive da própria região, para as é necessário cobrar providência do poder público para o problema. A orientação da Amalou é para que moradores e comerciantes não deem agasalhos e alimentos e ponham o lixo na rua só na hora da coleta. Além disso, o presidente da entidade, Jeferson Rios, disse, na terça-feira, que foram colocados mais esguichos de água na praça, que são ligados quando há mendigos.
Dono de três restaurantes na região, o diretor da Regional Lourdes da Associação de Bares e Restaurantes de Minas (Abrasel-MG), Leonardo Marques, também desaprova as medidas: “Não dou dinheiro a morador de rua, mas não nego um prato de comida a ninguém”.
A situação dos moradores de rua deve ser resolvida pela prefeitura, segundo a presidente da Associação dos Comerciantes da Savassi, Maria Auxiliadora Teixeira de Souza. “Não vai ter o resultado que eles querem. A solução deveria vir da prefeitura para criar abrigos e levar os moradores de rua. O que me preocupa é que no meio desses moradores de rua tem bandido infiltrado, respondendo a processo”, disse.
“É uma praça de Belo Horizonte, motivo pelo qual todas as pessoas que residem nesta cidade, sejam em vulnerabilidade social ou não têm o direito de ir e vir naquele espaço, que é público”, afirmou a coordenadora do Comitê de Acompanhamento e Monitoramento da Política Municipal para a População em Situação de Rua, Soraya Romina. A praça é pública e quem faz a manutenção é a prefeitura. Nós, o poder público municipal, não demos nenhuma autorização ou entendimento no sentido de instalação de esguichos”, disse.
ABRIGO
Soraya alega que a PBH não pode recolher moradores de rua à força e levá-los para abrigo, o que caracterizaria crime de sequestro. O albergue mais próximo da Praça Marília de Dirceu fica na Rua Conselheiro Rocha, no Bairro Floresta, Leste, que oferece pernoite. O albergue abre às 17h e a pessoa pode ficar até a manhã seguinte. Há também os abrigos São Paulo e Pompéia que acolhem durante todo dia e à noite, mas com encaminhamento via serviço de abordagem social.
“A pessoa pode ir, tomar banho, jantar, dormir, tomar café no outro dia e volta para a rua, vai para o trabalho ou onde achar que deve. No entanto, as pessoas em situação de rua têm dificuldade em aceitar uma oferta de acolhimento institucional e de obedecer regras”, disse Soraya.
O presidente da Amalou, Jeferson Rios, negou ontem que tenha orientado jogar água nos mendigos. “A gente usa a mangueira para lavar a sujeira que eles deixam, pede por favor para eles saiam dos bancos para a gente lavar. Eles deixam alimentos espalhados e não respeitam o meio ambiente”, disse Jeferson. Na terça-feira, entretanto, o dirigente afirmou ao EM que havia foram colocados esguichos na praça para que fossem ligados no início e no fim do dia para que mendigos saíssem da praça,
Rios informou que a população de rua aumentou na praça depois que uma liminar da Justiça proibiu prefeitura e a polícia de recolher pertences deles. “Eles deixam cobertores e outros pertences na praça a gente recolher”, afirmou.