Apenas quatro dos 198 estudantes apontados como participantes do trote com conotações racistas e nazistas na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em março, vão responder a processo administrativo. Os outros foram beneficiados pelo recurso apresentado por quatro professores da instituição, que pediram a nulidade da sindicância que os identificou. De acordo com o vice-diretor da faculdade, Fernando Gonzaga Jayme, os quatro alunos que aparecem em fotos divulgada nas redes sociais é que serão alvo do processo.
O trote ocorreu em 15 de março, nas dependências da faculdade. Duas fotos do evento foram postadas em uma rede social e revoltaram integrantes da comunidade acadêmica e internautas. Em uma delas, uma caloura com o corpo tingido de preto aparece com as mãos atadas e carrega placa com os dizeres “caloura Chica da Silva”, em referência à escrava que viveu em Diamantina no período colonial. Em outra imagem, um novato aparece amarrado a uma pilastra e três colegas – um deles com um bigode parecido com o do ditador Adolf Hitler – erguem o braço direito em gesto semelhante à saudação nazista.
Os veteranos que aparecem nas fotos terão direito a defesa, podendo contar inclusive com advogado. As punições podem variar de advertência a expulsão. A sindicância, anulada pelo recurso, constatou que 68 estudantes do 2º período do curso participaram do trote nos calouros. Trinta e dois integrantes da diretoria do Centro Acadêmico Afonso Pena distribuíram gratuitamente e venderam bebidas alcoólicas na unidade e outros 98 alunos foram indiciados por contribuição financeira e participação no trote.