O prefeito Marcio Lacerda diz que ainda há dúvida sobre o local onde o Centro Administrativo do município será construído, mas ontem, em audiência pública na Câmara Municipal, a obra foi tratada como certa para a região da Lagoinha, com início em 2016. Embora ainda não haja projeto definido, que deve incluir a revitalização dos bairros do entorno, o secretário-adjunto de Gestão Compartilhada, Pier Giorgio Senesi Filho, informou que os 16 lotes indicados para desapropriação estão nas ruas Bonfim e Além Paraíba e na Avenida Pedro II. A desapropriação para construção da obra preocupa moradores da região.
Segundo Senesi, na próxima semana será formada comissão com funcionários das secretarias de Planejamento Urbano, Governo e Gestão Compartilhada e representantes de associações de bairro para discutir e acompanhar o projeto. O secretário não soube informar quantas casas e famílias serão atingidas, nem confirmou se técnicos da prefeitura fazem medições na região, como garantem moradores.
"O decreto foi necessário para conter a especulação imobiliária", disse o secretário. "Mas o processo de negociação ainda não começou. Os 16 terrenos indicados inicialmente estão em piores condições. Os que estão ocupados ainda podem ser levados em consideração", afirmou.
Lacerda afirmou ao EM anteontem que as manifestações contrárias ao centro são "tempestade em copo d'água". Na quinta-feira, depois de anunciar obras para o período chuvoso, ele afirmou que o local para construção do complexo com a nova sede e as secretarias ainda não foi definido e que outras regiões são estudadas pela PBH: "É uma ideia bem no início. Pode ser lá ou em outro lugar. Adversários políticos vão ser aproveitar para criar factoides".
Ele confirmou para este mês o lançamento do concurso nacional de arquitetura, que convocará interessados em firmar parceria para desenvolvimento do projeto. "BH precisa de um centro administrativo. Temos um custo altíssimo de aluguéis e logística. Ele pagaria logo os custos com a economia gerada", defendeu.
SERVIÇOS NAS REGIONAIS Na audiência da Câmara, a psicóloga e socióloga Avanice Claret, de 49 anos, sugeriu o prédio desativado da Escola de Engenharia da UFMG, na Avenida do Contorno, na Região Central. Moradora do Bonfim, em casa datada de 1888, onde o marido e os filhos nasceram, ela diz que a cidade não precisa de um centro administrativo. "Se está sobrando dinheiro para construir este centro, melhor investir em infraestrutura, saúde e educação. Se a questão é facilitar o acesso e o atendimento aos serviços, o ideal é fazer as regionais funcionarem porque, nas secretarias, ninguém é recebido".
Para a bancária Adriana Maia, de 37, o progresso é mais importante. "Moro na pior rua para viver, a Jaguarão. É herança dos meus avós, mas se minha casa estivesse na lista, eu conversaria. A rua alaga e não posso chegar tarde porque corro risco com a criminalidade e a cracolândia".
Já a professora Aline de Souza, de 30, assistia angustiada ao debate acalorado, com discussões sobre ideologia política e acusações entre associações de moradores. Ela mora com as irmãs num imóvel sem Habite-se e teme ser obrigada a sair sem receber restituição. "Recebemos carta da prefeitura informando que nossa casa seria desapropriada. Isso por si só já deixa um clima de terror", resumiu.
"Para que a gente consiga melhorias, não precisamos necessariamente do centro administrativo", afirmou a assistente social Fernanda de Paoli, de 27, que representava os avós, moradores do Bonfim. "O fato de ser contra esse projeto não quer dizer que sou a favor de deixar o bairro às traças". Na opinião dela, criminalidade e moradores de rua são questões que se resolve com políticas sociais, e não com obras.
O secretário afirmou que a escolha da Lagoinha se deve à mobilidade. "A região terá duas estações de metrô, uma subterrânea, e ainda é próxima à confluência de dois terminais do BRT (o sistema Move, da sigla em inglês para bus rapid transit). Além disso, será feita consulta pública para construção em parceria público-privada e o projeto deve privilegiar a revitalização do entorno".
Segundo Senesi, na próxima semana será formada comissão com funcionários das secretarias de Planejamento Urbano, Governo e Gestão Compartilhada e representantes de associações de bairro para discutir e acompanhar o projeto. O secretário não soube informar quantas casas e famílias serão atingidas, nem confirmou se técnicos da prefeitura fazem medições na região, como garantem moradores.
"O decreto foi necessário para conter a especulação imobiliária", disse o secretário. "Mas o processo de negociação ainda não começou. Os 16 terrenos indicados inicialmente estão em piores condições. Os que estão ocupados ainda podem ser levados em consideração", afirmou.
Lacerda afirmou ao EM anteontem que as manifestações contrárias ao centro são "tempestade em copo d'água". Na quinta-feira, depois de anunciar obras para o período chuvoso, ele afirmou que o local para construção do complexo com a nova sede e as secretarias ainda não foi definido e que outras regiões são estudadas pela PBH: "É uma ideia bem no início. Pode ser lá ou em outro lugar. Adversários políticos vão ser aproveitar para criar factoides".
Ele confirmou para este mês o lançamento do concurso nacional de arquitetura, que convocará interessados em firmar parceria para desenvolvimento do projeto. "BH precisa de um centro administrativo. Temos um custo altíssimo de aluguéis e logística. Ele pagaria logo os custos com a economia gerada", defendeu.
SERVIÇOS NAS REGIONAIS Na audiência da Câmara, a psicóloga e socióloga Avanice Claret, de 49 anos, sugeriu o prédio desativado da Escola de Engenharia da UFMG, na Avenida do Contorno, na Região Central. Moradora do Bonfim, em casa datada de 1888, onde o marido e os filhos nasceram, ela diz que a cidade não precisa de um centro administrativo. "Se está sobrando dinheiro para construir este centro, melhor investir em infraestrutura, saúde e educação. Se a questão é facilitar o acesso e o atendimento aos serviços, o ideal é fazer as regionais funcionarem porque, nas secretarias, ninguém é recebido".
Para a bancária Adriana Maia, de 37, o progresso é mais importante. "Moro na pior rua para viver, a Jaguarão. É herança dos meus avós, mas se minha casa estivesse na lista, eu conversaria. A rua alaga e não posso chegar tarde porque corro risco com a criminalidade e a cracolândia".
Já a professora Aline de Souza, de 30, assistia angustiada ao debate acalorado, com discussões sobre ideologia política e acusações entre associações de moradores. Ela mora com as irmãs num imóvel sem Habite-se e teme ser obrigada a sair sem receber restituição. "Recebemos carta da prefeitura informando que nossa casa seria desapropriada. Isso por si só já deixa um clima de terror", resumiu.
"Para que a gente consiga melhorias, não precisamos necessariamente do centro administrativo", afirmou a assistente social Fernanda de Paoli, de 27, que representava os avós, moradores do Bonfim. "O fato de ser contra esse projeto não quer dizer que sou a favor de deixar o bairro às traças". Na opinião dela, criminalidade e moradores de rua são questões que se resolve com políticas sociais, e não com obras.
O secretário afirmou que a escolha da Lagoinha se deve à mobilidade. "A região terá duas estações de metrô, uma subterrânea, e ainda é próxima à confluência de dois terminais do BRT (o sistema Move, da sigla em inglês para bus rapid transit). Além disso, será feita consulta pública para construção em parceria público-privada e o projeto deve privilegiar a revitalização do entorno".