Jornal Estado de Minas

Problema de idioma adia início de trabalhos de médicos estrangeiros em Minas

Dois profissionais com diploma estrangeiro selecionados na primeira etapa do Mais Médicos, em Passos, têm dificuldade em entender a língua portuguesa

Tiago de Holanda
No Barreiro, Odete Conceição se consultou, mas reclamou de demora - Foto: Beto Magalhães/EM/D.A Press


Em Passos, no Sul de Minas, dois profissionais com diploma estrangeiro selecionados na primeira etapa do Mais Médicos já têm registros provisórios e estão na cidade há duas semanasMesmo assim, a Secretaria de Saúde local decidiu adiar o início do trabalho para segunda-feiraUm dos motivos alegados é que eles precisam aprender mais nomes de medicamentos brasileirosSegundo a secretaria, um deles, mexicano, ainda tem dificuldade em entender a língua portuguesaEnquanto isso, alguns dos 42 intercambistas escolhidos para o estado começaram ontem as atividades.

Desde quando chegaram, em 23 de setembro, os dois intercambistas de Passos estão acompanhando o trabalho de colegas de equipes de saúde da família, segundo a Secretaria Municipal de SaúdeEles receberam seus registros provisórios na quinta-feira e, inicialmente, a ideia é que começassem ontem a atender pacientes“Eles falaram que já estão aptos a ir para as unidades de saúde, mas decidimos que esta semana eles ainda ficarão observando nossos médicos”, diz a apoiadora da Atenção Primária, Vanessa QueirozUm dos intercambistas é mexicano formado em Cuba e a outra, brasileira graduada na Espanha, país onde ambos trabalhavam antes de virem ao Brasil.

“O mexicano ainda tem um pouco de dificuldade com o português, principalmente para compreender a queixa do pacienteprecisa treinar mais a língua”, constata VanessaEsse não é o único problema, ressalta“Os dois têm que aprender melhor os nomes dos medicamentos brasileiros e nossos protocolos de atendimento

Por exemplo, no Brasil a mamografia é indicada a mulheres a partir dos 40 anos, segundo os parâmetros do Ministério da SaúdeNa Espanha, eles disseram que é a partir dos 35 anos”, acrescenta.

Em Belo Horizonte, quatro médicos começaram a trabalhar em dois centros de saúde no Barreiro (nos bairros Vale do Jatobá e Lindéia), um na Região Nordeste (Cachoeirinha) e um na Oeste (Cabana), segundo a Secretaria Municipal de SaúdeNa unidade do Vale do Jatobá, onde assumiu a função argentino Eric Reggiani, graduado em Buenos Aires, pacientes continuam insatisfeitosJenifer Lemos, de 20 anos, foi atendida ontem pelo estrangeiroEla chegou ao local às 10h, mas só conseguiu se consultar com o médico por volta das 17h“Eu evito vir para cáSempre demora muito para ter atendimento, e hoje foi absurdoMesmo com consulta agendada, costumo esperar no mínimo uma hora e meia”, conta.

Também na unidade do Vale do Jatobá, Odete Elvira da Conceição, de 67 anos, não teve a mesma sorte de Jenifer“Cheguei às 13h e disseram que não tem doutorFiquei esperando para medir a pressão, o que só consegui agora
Demorou demais”, reclamou ao sair do centro, por volta das 16h30Ela disse que sentia muita dor na perna esquerda