A orientação para que os governos municipais se adiantem em prevenir e dar respostas aos transtornos provocados pela chuva serve para que as cidades mapeiem quais são as áreas de risco para alagamentos, deslizamentos e inundaçõesAlém disso, funciona para que se organizem, listando locais que possam servir de abrigos, apontando a capacidade de atendimento local e estabelecendo com qual efetivo de funcionários o município poderá contarA emissão do documento à Cedec não é obrigatória, mas submeter o plano ao órgão estadual pode ajudar na correção de possíveis erros ou em ajustes necessários, além de auxiliar o próprio estado a se preparar para o socorroAté Belo Horizonte está fora da lista dos municípios que encaminharam seus planos à Cedec, mas o coordenador municipal da Defesa Civil, coronel Alexandre Lucas, garante que o documento está pronto e que será enviado ainda hoje ao governo do estado.
“Apesar de orientarmos os governantes e de tentar sensibilizá-los para a criação do plano, a grande maioria não o faz”, constata o chefe do Gabinete Militar do governo do estado e coordenador da Cedec, coronel Luis Carlos Dias MartinsSegundo ele, as prefeituras têm a cultura de se preocupar com o período chuvoso somente quando já está chovendo, mas isso precisa ser feito durante todo o ano
PREVISÃO
Mapas climatológicos preveem intensidade maior de chuva nas regiões Sul, Oeste, do Triângulo Mineiro, do Campo das Vertentes e em parte da Zona da MataEssas áreas estão na rota da Zona de Convergência do Atlântico Sul, que transporta a umidade que vem da Amazônia rumo ao oceano“As frentes frias que passam por Minas serão mais intensas nessas áreas, que vão estar sujeitas a um risco maior de alagamentos e inundações”, explica o meteorologista do Climatempo Ruibran do Reis
O alerta foi dado em cerimônia oficial de lançamento do plano estadual de prevenção à chuva, no dia 1º, mas a maioria dos prefeitos mineiros nem sequer estavam presentesRepresentantes de apenas 90 dos 853 municípios compareceram, o que para o coronel Martins soa como uma atitude de comodismo“Não vieram e não mandaram seus representantesIsso porque sabem que, diante de um desastre, terão toda a estrutura do estado como suporte”, criticaNa Cidade Administrativa, o governo montou uma sala de crise, mantida com plantão 24 horas para atendimento em casos de desastres
Entre as cidades que ainda não estruturaram por completo sua Defesa Civil está Itaguara, a 100 quilômetros de Belo Horizonte, na região metropolitanaO coordenador da pasta está há uma semana no cargo, em um município que está com seu plano de contingência das chuvas desatualizadoSegundo funcionários da prefeitura, o documento mais recente é da estação 2009/2010 e falta pessoal para a elaboração de novo projetoA equipe municipal é composta por quatro pessoas: além do coordenador há uma secretária, um funcionário operacional e uma arquiteta para cuidar de uma área de 410 quilômetros quadrados, superior à da capital (330 km2).
O coordenador Fernando Pinheiro Moreira reconhece que não é fácil fazer o trabalho com poucas pessoas e pouca verba, mas garante que consegue visitar os locais onde houver demanda em curto espaço de tempo“Sempre faço as vistorias assim que sou chamado para um determinado local com problema”, dizEle afirma que ao longo de 2013 foram desenvolvidos alguns trabalhos em áreas de risco para minimizar a possibilidade de deslizamentosNa cidade, o principal ponto de inundação é o entorno da ponte sobre o Ribeirão Conquista, perto de várias casas no Centro da cidade.
Em Nova Lima, que historicamente sofre com deslizamentos e inundações, a situação é diferente, mas também há problemasApesar de contar com o apoio de outros setores da prefeitura, a equipe de Defesa Civil treinada tem apenas cinco funcionários – um coordenador e quatro técnicos – para os 428 km2 do municípioA população é de 81 mil pessoas e os problemas são muitos na cidade, que também não enviou seu plano preventivo ao estado“Temos muitas obras irregulares e casas construídas em áreas de riscoNos últimos três anos, emitimos cerca de 700 laudos para que moradores fizessem adequaçõesA grande maioria não faz”, garante o coordenador municipal de Proteção e Defesa Civil, tenente Luzmar Guimarães RochaSegundo ele, sete funcionários serão contratados nos próximos dias para reforçar o efetivo do órgão