Uma quadrilha suspeita de aplicar golpes em venda de veículos em diversas cidades de Minas Gerais e até fora do estado foi apresentada pela Polícia Civil na tarde desta sexta-feira, por meio da Delegacia Regional Leste, na capital mineira. Os três presos, acusados de fazer mais de 30 vítimas com o golpe, anunciavam a venda dos veículos pela internet e classificados de jornais, simulavam um desconto aos compradores e, após a confirmação da transferência de uma entrada de cerca de R$ 8 mil, desapareciam.
As investigações tiveram início após vítimas do golpe procurarem a polícia denunciando o ocorrido. A primeira denúncia foi em 2008. Como os suspeitos mudavam de telefone constantemente e usavam contas bancárias de terceiros para fazer as transações, o caso só começou a ser esclarecido no ano passado, quando outras três pessoas fizeram a denúncia. Em todos os casos, o grupo aplicava o mesmo esquema e contava a mesma história para os compradores.
De acordo com o investigador Adriano Teixeira Jardim, os criminosos agiam espertamente e criavam situações para tornar o caso o mais verídico possível. “Ele sempre inventava que estava enfrentando um processo na justiça trabalhista, por conta de dois empregados que ele demitiu após rouparam o gado dele, e que precisava do dinheiro para pagar uma multa de 12 mil reais no mesmo dia da ligação, até 13h da tarde”, explica. Com o discurso “se você me ajudar, eu te ajudo”, o homem ainda simulava dar um desconto de R$ 2 mil para a vítima e pedia que cerca de R$ 8 mil fossem depositados imediatamente para garantir o veículo.
Os suspeitos moravam em Betim, mas falavam que moravam em Ponte Nova, na Zona da Mata, e que sairiam da cidade até o município do comprador para fazer a entrega do carro. Após a confirmação da transferência, as vítimas não conseguiam mais falar com os homens. “Eles usavam a conta bancária de pessoas diversas, usadas como “laranja”, contando histórias diversas, alegando que estava com problemas no banco, pro exemplo”, completa o investigador.
Ainda de acordo com Teixeira, um fator que fazia com que muitos caíssem no golpe é que todos os dados dos veículos eram apresentados aos compradores. “Os criminosos passavam em agências de veículos, demonstravam interesse nos modelos e anotavam placa e chassi. Em seguida, pegavam o restante das informações no site do Detran”, afirma.
Após meses de investigações, com agentes infiltrados como clientes dos criminosos, o trio foi preso ontem. O suspeito Luiz Carlos Ribeiro foi preso na última quarta-feira. Já Elieser Ferreira Alves, de 58 anos, e Anderson Otávio, 25 , foram presos nessa quinta-feira, dentro de uma casa em Betim. Todos serão encaminhados ao Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) Gameleira, localizado na Região Oeste de Belo Horizonte.