A mobilização pelas redes sociais de mais de 2 mil pessoas para uma manifestação contra a polêmica tentativa de inibir a presença de moradores de rua no Bairro Lourdes, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, não chegou forte às ruasO piquenique pela manutenção de mendigos na Praça Marília de Dirceu reuniu cerca 50 pessoas ontem à tardeCartazes com os dizeres “Menos intolerância, mais amor” e “Higienização é crime” foram afixados no local, onde foram servidos biscoitos, salgados, doces, feijão-tropeiro e frutasTambém foram distribuídos calçados e roupas
O pequeno comparecimento dos que confirmaram presença ao evento criado no Facebook não deu a visibilidade esperada pelos organizadores“Na semana passada, em quatro horas 1 mil pessoas disseram que viriamMas a gente não tem controle sobre issoVemos que há muitos a favor da causa, mas na hora de fazer acontecer não aparecem”, conta Pedro Castro, de 25 anos, integrante do Ato a Favor dos Moradores de Rua (Amor)Segundo ele, o objetivo é chamar a atenção da administração pública para ações sociais que atendam essa população com dignidade
O Comitê de Acompanhamento e Monitoramento da Política Municipal para a População em Situação de Rua informou que monitora as ações que ferem os direitos dessas pessoasA iniciativa da Associação dos Moradores do Bairro de Lourdes (Amalou), que recomendou a comerciantes não dar dinheiro, comida ou agasalhosos mendigos, além de providenciar a instalação de mais esguichos na praça, que seriam usados para espantar quem se deita nos bancos, recebeu críticas
RESPEITO “Estamos ficando sem espaçoFico triste, porque não sujamos nada, só queremos descansar”, disse ontem o morador de rua Djalma de Souza Fernandes, de 51Há cinco meses na praça, ele trabalha como catador de material reciclável e ganhacera de R$ 10 por diaDiz ter escolhido o bairro por se onde mais encontra lixo“Já dormi em abrigo, mas é muita sujeiraE faça chuva ou sol, temos de passar o dia na rua”, dizSeu companheiro Leandro Jorge Rangel, de 28, afirma que está ali porque não teve outra opção
A biblioteconomista Rosângela Alves Maciel, de 58, considerou o ato na praça um desabafo“Sou a favor da dignidade, não importa onde eles estejam
LIMINAR Fiscais das nove regionais da Prefeitura de Belo Horizonte já estão sendo preparados para voltar a confiscar objetos de moradores de rua que estejam obstruindo viasOs agentes estavam com medo de agir devido à multa de R$ 10 mil imposta pela liminar judicial, que proíbe recolhimento de pertences pessoaisSoraya Romina diz que a instrução do comitê definiu como objeto pessoal tudo aquilo que o indivíduo consiga carregarOs grupos de fiscais vão agir em conjunto com a Polícia Militar.