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Estado de Minas

Aterro sanitário aumenta infestação de ratos em Sabará

Moradores das proximidades reclamam que a população de ratos explodiu com instalação do aterro sanitário em Sabará. Prefeito diz que cidade não pode ser depósito da Grande BH


postado em 14/10/2013 06:00 / atualizado em 14/10/2013 07:05

Leonardo Augusto

(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

A dona de casa Simone Malaquias dos Santos, de 35 anos, de Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, exibe uma caixa de madeira em que caberia um gato. “Ratoeira aqui tem que ser deste tamanho para aguentar”, diz. Não fosse o terreno acidentado, a moradora do Bairro Nossa Senhora de Fátima poderia a ver, a cerca de 500 metros de sua casa, caminhões despejando o lixo de aproximadamente 30 cidades no município em que vive. O destino dos detritos é o aterro sanitário que fica do outro lado do Rio das Velhas, em uma área de 265 hectares. Somente de Belo Horizonte, o volume diário despejado é de 3 mil toneladas de resíduos, o equivalente a 2.700 carros populares.

Simone mora com dois filhos no Nossa Senhora de Fátima há 18 anos. O aterro vizinho, chamado Macaúbas, começou a ser implantando em 2003. Antes, diz a moradora, não havia problemas com ratos, considerados excelentes nadadores, principalmente os de maior porte. A vizinha Maria Cândida, uma costureira de 42 anos, faz a mesma reclamação. “Minha casa chegou a ser infestada pelos ratos. Conversei com um médico, que me mandou queimar tudo com que eles tiveram contato na casa. Perdi quilos de tecido”, afirma. Na Escola Municipal Vereador José Lopes, a única do bairro, a direção também reclama da presença de ratos na região.

A Vital Engenharia, que também é dona do aterro de Sabará, fornece cestas básicas para a população do Nossa Senhora de Fátima. O atual prefeito da cidade, Diógenes Fantini (PMDB), afirma que a empresa, com a prática, “faz um agrado às lideranças comunitárias e à população do bairro”. “Em uma cidade pobre, fazem esse tipo de atenuação do impacto da atividade deles”, afirma. Diógenes critica o contrato, com duração de 30 anos, fechado com a Vital pela prefeitura. O termo foi assinado durante a administração de seu rival na política local, Wander Borges (PSB).

A contrapartida acordada com o município foi a mesma que a empresa assinou com Santana do Paraíso: o direito de processar o lixo da própria cidade no aterro, sem custos. De Belo Horizonte, que responde por dois terços de todo o volume diário enviado a Sabará, a empresa cobra R$ 33 por tonelada. Segundo Diógenes Fantini, o valor, para cidades com entregas menores, oscila entre R$ 85 e R$ 115 a tonelada. Entre os municípios que também operam com o Aterro Macaúbas estão Pedro Leopoldo, Lagoa Santa, Itaguara, Ibirité e Matozinhos.

No aterro, a movimentação de caminhões é constante. “Temos muitos problemas no município com o trânsito dos veículos que transportam o lixo de outras cidades para cá. O chorume (líquido que se forma pela decomposição do material orgânico) escorre pelas ruas. Na semana passada, um motoqueiro morreu ao derrapar na pista molhada pelos caminhões de lixo”, afima Fantini.

Para o prefeito, a obrigação de cuidar dos seus resíduos deveria ser de cada cidade. “O Bairro Capitão Eduardo, em Belo Horizonte, não quis o aterro; Itaúna (Centro-Oeste de Minas) e Esmeraldas (Grande BH) também recusaram. O empreendimento acabou vindo para Sabará. Mas não queremos que nossa cidade se transforme no depósito de lixo da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Já somos o destino do esgoto de toda a região”, afirma o prefeito, se referindo ao Rio das Velhas, que corta a cidade e recebe águas do Ribeirão Arrudas, destino da maior parte do esgoto da capital.

O ex-prefeito de Sabará Wander Borges (PSB) afirma que a negociação para a implantação do aterro foi vantajosa para a cidade. “Ganhamos um terreno de 120 mil metros quadrados às margens da BR-381 para construção de um Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet)”, diz. Wander afirma ainda que o Imposto Sobre Serviços (ISS) cobrado na operação do aterro gera recursos para a prefeitura. “A questão é econômico-finaneira. Com mais dinheiro em caixa, é possível trabalhar mais para a população”, diz. A Vital Engenharia não se manifestou sobre as perguntas enviadas pela reportagem do Estado de Minas sobre o funcionamento e impactos ambientais e sociais do aterro de Sabará, nem sobre o localizado em Santana do Paraíso.


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