A vulnerabilidade desses pequenos reflete na educação, pois 15,1% dos menores enfrentam algum impedimento de permanência no sistema escolar, 11,3% não frequentam creche ou pré-escola e 8,7% estão excluídos de qualquer acesso a educação
A pesquisa traz informações sobre a realidade das crianças e adolescentes entre os anos de 1994 e 2010, estimando a população infanto-juvenil (de 0 a 21 anos) em 718.361, o que correspondia naquele ano a 30,2% da população total residente no municípioO documento foi elaborado com base em dados do IBGE e do Datasus, além de entrevistas e questionários, e deve servir para elaboração de políticas de assistência.
“Em primeiro lugar a caracterização do perfil social, demográfico, econômico e familiar, traça uma possibilidade de identificar os maiores problemas e propor políticas possíveisDe fato, o diagnóstico tem como objetivo tanto traçar esse perfil quanto perceber a situação de violação de direitos e, proporcionalmente, fazer recomendações, proposições para programas e projetos municipais”, afirma a presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), Márcia Alves
Violência física e sexual
Além da situação precária de infraestrutura dentro de casa e da precariedade na educação, a violência contra crianças e adolescentes também é alarmanteNa capital, 7,6% são alvo de algum ato contra o exercício da cidadania, isso significa que vivem sob negligência, cárcere ou são obrigadas a trabalharTambém 6,7% sofrem violência física e 3,6%, já foram vítimas de abuso sexual
O maior número de violações indicados no diagnóstico acontece justamente no ambiente familiar e tem nas mães, pais, avós, madrastas, padrastos e responsáveis legais os principais culpadosÉ dentro de casa que as crianças sofrem abusos em 45,4% dos casos, segundo aponta a amostragem
De acordo com o CMDCA, 45% de todas as violações de direitos atingem crianças na idade entre 0 e 11 anosHoje, Belo Horizonte tem 853 crianças em abrigos, vitimadas por algum tipo de violência e encaminhadas pelos conselhos tutelares.
Pobreza
A pesquisa aponta que as famílias mais expostas à ocorrência de abusos vivem uma situação de extrema vulnerabilidade socialEm 55,7% dos casos os meninos e meninas são membros de famílias que vivem com rendimento familiar per capita de até um salário mínimo“As famílias que mais precisam de atenção são as mais pobres, consequentemente as criançasO fato de existirem famílias com poucas condições financeiras é um problema que interfere muito na questão da infância em BH”, afirma Márcia Alves.