Crateras, buracos menores, trincas e outros sinais de perigo. O trecho da rodovia BR-040 entre Belo Horizonte e Congonhas é uma via-crúcis para motoristas e passageiros. Moradores dos municípios ao longo do caminho, como Nova Lima, Brumadinho e Itabirito, além da capital e da “Cidade dos Profetas, temem o agravamento dos problemas com a chegada da temporada de chuva, já que as obras de revitalização que começaram ha 60 dias só terminam em dois anos. O Estado de Minas, numa contagem informal, encontrou cerca de 2,6 mil rachaduras e buracos de todos os tamanhos ao longo de 58 quilômetros, média aproximada de 45 por quilômetro.
O pior trecho entre BH e Congonhas vai do distrito de Piedade do Paraopeba, em Brumadinho, à antiga Curva do Sabão, já remodelada, num total de 15 quilômetros. Existem 1,5 mil buracos e outros estragos na pista, numa média de 100 a cada quilômetro. Apenas num trecho de três quilômetros, são 350, aumentando o número para 116 por quilômetro. Na tarde de ontem, devido a uma longa retenção provocada por um acidente envolvendo uma carreta, na localidade de Ribeirão do Eixo, em Itabirito, os motoristas tiveram tempo de ver, bem de perto, o “inimigo” que os espreita, a cada momento, no meio e nas laterais da estrada, nas vias de acesso às cidades, perto de postos da Polícia Rodoviária e na entrada de condomínios de luxo como o Alphaville
O funcionário público aposentado Fausto Silva Júnior, de 61 anos, morador em Brasília, viajava com a família para o Rio de Janeiro e ficou espantado com a precariedade da 040, que liga o Distrito Federal à capital fluminense. “De Brasília a BH o asfalto é ótimo, um verdadeiro tapete. Mas aqui, nunca vi nada igual. Além dos buracos, não há acostamento no trecho não duplicado, o que aumenta os riscos”, disse Fausto.
No carro de trás, o gestor de logística Márcio Eustáquio Pinto, de São João del-Rei, nos Campos das Vertentes, contou que de 15 em 15 dias passa pela rodovia em direção a BH. “Há excesso de caminhões carregando minério, como podemos ver aqui nesta longa fila. Dessa forma, os dois lados da estrada ficam danificados”, afirmou Márcio Eustáquio. Ele lembrou que as rachaduras vão virar grandes buracos.
“Os buracos estão ao lado da imprudência, da má conservação do asfalto e da engenharia defasada, como é o caso da BR-040 até Congonhas”, disse um policial, sem se identificar, sobre o conjunto de problemas que causam acidentes e mortes na rodovia.
Trabalho certo
Ao estacionar o veículo para fazer um lanche, o representante comercial José Eugênio Lamounier, morador do Bairro Serra, na Região Centro-Sul de BH, ressalta que todo o cuidado é pouco. “A gente desvia de buracos o tempo todo e, na chuva, a lama de minério escorre na pista, parecendo um chocolate. Trafego aqui há 10 anos, ouço falar em obras e só fica nisso”, lamentou José Eugênio. Para ele, deveria ter mais atenção com uma estrada que liga duas capitais importantes.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) informou que começaram há 60 dias as obras de revitalização, pavimentação e sinalização em trechos da estrada até Ressaquinha, a 154 quilômetros da capital. O trecho que já está em recuperação é o de BH a Nova Lima. A empreiteira responsável pelos reparos tem contrato de dois anos para fazer o serviço.
ENQUANTO ISSO... ...OBRA EM MARCHA LENTA
Incluído no programa de desestatização rodoviária ainda na década de 1990, o trecho da BR-040 entre Juiz de Fora e Brasília, finalmente deve ser licitado. Segundo o Ministério dos Transportes, o leilão deverá ser feito no primeiro semestre do ano que vem. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) começou neste mês a audiência pública para discutir pontos do edital. Os interessados ainda podem fazer sugestões pelo site da agência reguladora. Pelas regras, a tarifa teto de cada praça de pedágio será de R$ 6,28. A cobrança começa somente depois de 10% concluídos das obras de duplicações. A empresa selecionada terá cinco anos para completar a duplicação de todo o trecho.
ACIDENTE COM ROMEIROS
Um ônibus com 58 romeiros saiu da pista e tombou na MG-122, entre Porteirinha e Janauba, no Norte de Minas, na madrugada de ontem, deixando 28 feridos, sete em estado grave. Eles retornavam do Santuário de Bom Jesus da Lapa (BA) para São João da Ponte. Breno Pereira da Silva, de 19 anos, que dirigia o veículo, é inabilitado e foi preso. Segundo a Polícia Militar Rodoviária, Jadson Antunes de Souza, de 34, também foi detido por ter passado a direção a Breno. Os dois foram levados para delegacia de Porteirinha. Os feridos foram levados para hospitais de Porteirinha e Janaúba. Um adolescente, de 14 anos, que também viajava no ônibus, ficou preso às ferragens e teve que ser retirado por bombeiros. A polícia não informou o que causou o acidente.