Jornal Estado de Minas

Delegado acusado de matar adolescente será transferido para presídio

Envolvido em nove sindicâncias, 10 inquéritos e dois processos administrativos e acusado de matar a namorada, policial deixa casa de custódia e segue para penitenciária da Grande BH

Landercy Hemerson Luana Cruz, Paulo Filgueiras, Cristiane Silva, Daniel Camargos, Mateus Parreiras, Pedro Rocha Franco, Luciane Evans, Leandro Couri
Preso desde abril, Geraldo Toledo Neto teve demissão publicada ontem - Foto: Cristina Horta/EM/D.A.Press - 5/07/2012

O ex-delegado da Polícia Civil Geraldo do Amaral Toledo Neto, de 40 anos, deve ser transferido nos próximos dias para a Penitenciária Jason Soares Albergaria, no Bairro Primavera, em São Joaquim de Bicas, na Grande BHA unidade prisional conta com uma ala destinada a ex-agentes de segurança pública que se envolveram em atividades criminosasA expulsão de Toleto Neto da Polícia Civil foi publicada ontem no Diário Oficial Minas Gerais.

O ex-delegado, que desde abril está preso na Casa de Custódia da Polícia Civil, no Bairro Horto, Leste de BH, responde a processo pela morte de Amanda Linhares dos Santos, de 17 anos, com quem tinha um caso amorosoMas o desligamento dele da corporação se deu pelas investigações da Corregedoria da Polícia Civil de fraudes de que é acusado de praticar quando esteva à frente da delegacia do Detran, em Betim, na Grande BH.

Nessa quarta-feira, depois de publicado o desligamento no Diário Oficial, a Superintendência de Investigações e Polícia Judiciária da Polícia Civil informou, em nota, que está adotando os procedimentos legais para transferir o ex-delegado da casa de custódia para uma das unidades do Sistema Prisional da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds)Embora sem confirmação oficial, a Seds admite que a transferência deve ser para a Penitenciária Jason Soares, onde há espaço próprio para abrigar ex-policiais e agentes de segurança, como carcereiros, para evitar que sofram retaliações de outros criminosos.

A corregedoria pediu a exoneração de Geraldo do Amaral Toledo Neto por “transgressões disciplinares” cometidas entre 2005 e 2007 no Detran em BetimNo processo sobre a morte de Amanda, em que Toledo Neto sustenta a versão de suicídio, ele responde por homicídio duplamente qualificado e fraude processual, por tentar esconder provasMais cinco pessoas, entre as quais uma ex-advogada do acusado, também foram denunciadas pela fraude processual.

Durante as apurações da corregedoria relativas ao Detran de Betim, Geraldo Toledo chegou a ser preso em São Joaquim de Bicas, acusado de receptação, formação de quadrilha e falsidade ideológicaDesde 2002, ele já respondia a processo por suspeita de irregularidade no licenciamento de veículosSomente agora a comissão confirmou que ele providenciou o registro e licenciamento de duas motocicletas com motores e chassis de procedência irregularesUm dos veículos tinha chassi com registro de roubo em outro estado.

Quando Amanda foi baleada, Toledo Neto já respondia a nove sindicâncias, 10 inquéritos e dois processos administrativos na corregedoriaEle havia sido indiciado por lesão corporal contra a adolescente
Natural de Pouso Alegre, o delegado atuou também na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente e na de Atendimento à Pessoa Deficiente e ao Idoso.

Homicídio

O crime contra a adolescente foi em 14 de abrilAmanda e Toledo brigaram e a jovem foi baleada na cabeçaTestemunhas disseram que o casal estava no carro do policial, na estrada entre Ouro Preto e o distrito de Lavras Novas, na Região Central de MinasO delegado nega que tenha atirado na adolescente, com quem mantinha um relacionamento marcado por desavenças, que geraram ocorrências policiais.

A Justiça chegou a determinar que o policial não poderia se aproximar de AmandaPorém, a advogada dele, na época, informou que seu cliente não chegou a ser notificado da decisãoPela versão do delegado, Amanda se matou, mas provas periciais derrubam essa hipóteseExames residuográficos nas mãos dela não acharam vestígios de pólvora.