Os 416 médicos graduados no país selecionados na segunda fase teriam de se apresentar até segunda-feira passada aos municípios onde trabalhariam, ou seriam desligados do programa, segundo o ministérioQuem fosse recusado pelas prefeituras poderia, se quisesse, ser encaminhado a outras cidades
Dos 35 bolsistas que deveriam ter ido para 21 prefeituras, segundo a lista divulgada pelo governo, 14 informaram que desistiram ou não apareceram nem deram explicaçãoOutros seis foram dispensados pelos gestores municipais.
Segundo a Secretaria de Saúde de BH, uma médica inscrita na segunda etapa trabalha desde o dia 10 no centro de saúde do Bairro Jardim Vitória, Região NordesteOs outros dois indicados para a capital atuariam em unidades do Barreiro e da Pampulha, mas não se apresentaram
Em Brumadinho, na Grande BH, o médico foi contratado pela prefeitura antes de ser publicada a lista de selecionados do Mais Médicos“Havia uma vaga para saúde da família, ele entrou em contato conosco e contratamosNão sabíamos que ele tinha feito a inscrição”, informou a coordenadora de Atenção Básica, que se identificou apenas como Patrícia
Em Sete Lagoas, na Região Central, a profissional chegou a confirmar participação à coordenadora de Atenção Primária da Secretaria de Saúde, Sueli Barbosa, mas desistiu.
Em Coronel Fabriciano, no Vale do Aço, uma médica atende desde segunda-feira, mas as outras duas desistiram, segundo a coordenadora de Atenção Básica, Caroline Luz Pinheiro
Em Ipatinga, na mesma região, a única médica designada desistiu, segundo o secretário de Saúde, Eduardo Penna, porque queria trabalhar menos de 40 horas semanais, como exige o programa“Ela não queria cumprir essa carga horária”, informou PennaA médica atenderia de 15 a 25 pacientes por dia na cidade, que pediu oito médicos ao programa e conseguiu dois na primeira etapaEm Timóteo, no Vale do Aço, o médico alegou que desistiu “por problemas pessoais”, informou a coordenadora de Atenção Primária, Juliana Ávila de Souza.
Os dois designados para Passos, no Sul do estado, também desistiram, mas a Secretaria de Saúde não informou se eles se justificaramDos quatro bolsistas selecionados para Januária, no Norte de Minas, apenas dois estão trabalhando
Um dos três médicos destinados a Ubá, na Zona da Mata, desistiu
Em Coração de Jesus, no Norte de Minas, cinco profissionais foram recusados, de acordo com a secretária de Saúde, Neila Souto“Não pedimos cinco, e sim quatroQueríamos pelo menos um para a unidade que está sem médico desde julho, mas eles demoraram demais para se apresentarContratamos em agosto um profissional que já morava aqui”, explicouA prefeitura desistiu de manter os bolsistas também ao descobrir que teria que dar auxílio para moradia, alimentação e transporte“Não poderíamos arcar com esses gastosO programa é muito confusoTivemos dificuldade para conseguir informações com o ministério”, criticouEm Itacambira, também houve uma desistência
As desistências já eram esperadas, na avaliação do presidente da Associação Médica de Minas Gerais (AMMG), Lincoln Lopes Ferreira“Se conversarmos com todos os médicos que desistiram, acredito que eles apontarão problemas de infraestrutura entre suas razõesO principal motivo que leva o brasileiro a não encarar esses lugares é a precariedade totalSem estrutura, planejamento e financiamento adequado, médico não faz milagre.”, analisa.