Para celebrar a data, que marca a memória brasileira, haverá uma série de eventos (veja programação), informa o diretor-geral da Imprensa Oficial de Minas Gerais (Iomg), Eugênio Ferraz, citando o lançamento pelo governador Antonio Anastasia, sexta-feira, no Palácio Tiradentes, na Cidade Administrativa, da edição fac-similar comemorativa dos 70 anos do manifestoAs celebrações começam quinta-feira, com sessão solene na Assembleia Legislativa, e vão até 6 de novembro, com evento na Iomg, reunindo Tribunal de Justiça (TJMG), Ministério Público (MPMG), Ordem dos Advogados do Brasil/Seção MG, Instituto dos Advogados de Minas Gerais e IHGMG“O manifesto foi uma demonstração de civismo, ética, nacionalismo e luta pela liberdade”, afirma Ferraz
Também assinaram o documento Pedro Aleixo (1901– 1975), professor de direito, um dos fundadores do Estado de Minas e vice-presidente no governo do marechal Costa e Silva; médico e escritor Pedro Nava (1903-1984); Tristão da Cunha (1892–1973), político, professor e avô paterno do senador Aécio Neves , e o jornalista e advogado Geraldo Teixeira da Costa (1913–1965), que foi redator-chefe e diretor do EM e depois diretor-geral dos Diários Associados
Assim que o serviço terminou, o comerciante Achiles Maia, responsável pelo pagamento da impressão, acondicionou os volumes em seis sacos de aniagem e os colocou no porta-malas de seu Buick, rumando para o Rio, então capital federalA distribuição foi feita, além de Belo Horizonte e Rio, em São Paulo, Bahia, que chegou a fazer um manifesto sem sucesso, e PernambucoO dia 24 de outubro foi escolhido por ser emblemático, explica Caldeira Brant, pois se tratava da data de aniversário da vitória da Revolução de 1930, que levou o gaúcho Vargas ao poder com a união de forças de Minas, Rio Grande do Sul e Paraíba“Com o Estado Novo e o fim da democracia, os mineiros se sentiram traídos por Getúlio”, explica o juiz
PERSEGUIÇÃO Advogado criminalista experiente e renomado, Pedro Aleixo fez uma revisão cuidadosa no documento, de forma a evitar palavras que pudessem enquadrar os mineiros na Lei de Segurança NacionalDe imediato, o governador de Minas nomeado por Vargas, Benedito Valadares (1892–1973), tentou minimizar a repercussão do manifesto, dizendo que tudo “não passava de água de flor de laranjeira”Vargas, por sua vez, depreciou os efeitos, chamando os signatários, a maioria advogados, de “leguleios em férias”
Dois anos depois do Manifesto dos Mineiros, em 20 de outubro de 1945, Getúlio foi deposto por um golpe militar e conduzido ao exílio em São Borja (RS)Terminava aí o Estado NovoAntes disso, em 7 de abril, nascia a União Democrática Nacional (UDN), frontalmente de oposição ao ditador e com maioria de filiados que haviam assinado o manifesto, e depois o Partido Social Democrático (PSD)
PROGRAMAÇÃO
70 Anos do Manifesto dos Mineiros
» Dia 24, às 20h, na Assembleia Legislativa –Sessão especial convocada pelo presidente Dinis Pinheiro em homenagem ao Manifesto dos Mineiros
» Dia 25, , às 11h, no Palácio Tiradentes, na Cidade Administrativa – Lançamento oficial, pelo governador Antonio Anastasia, da edição fac-similar comemorativa do Manifesto dos Mineiros
» Dia 26, às 10h, no Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais (Rua Guajajaras, 1268, no Barro Preto, em BH) –Sessão especial promovida pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)/Seção Minas Gerais e Instituto dos Advogados de Minas GeraisLançamento da medalha comemorativa dos 70 anos do Manifesto dos Mineiros
» Dia 6/11, às 19h, na sede da Imprensa Oficial (Avenida Augusto de Lima, 270, no Centro de BH) –Evento conjunto do Tribunal de Justiça (TJMG), Ministério Público (MPMG) e Imprensa OficialHomenagem aos descendentes dos 92 signatários do manifesto; lançamento do selo comemorativo, pelos Correios, e abertura da exposição 70 anos do Manifesto dos Mineiros, além de mostras sobre os memoriais do TJMG e MPMG
LINHA DO TEMPO
1930 – Getúlio Vargas chega à Presidência da RepúblicaA Revolução de 30 o levou ao poder com a união de forças de Minas, Rio Grande do Sul e Paraíba
1934 – 1934 –Em 16 de julho, Vargas aprova a nova Constituição, entrando em vigor os votos secretos e feminino, ensino primário obrigatório e diversas leis trabalhistas
1935 – Aliança Nacional Libertadora (ALN) deflagra a Intentona Comunista, que é facilmente reprimida por Vargas
1937 – Vargas dá o golpe do Estado Novo, com apoio das Forças Armadas, e outorga a Constituição de 37, conhecida como PolacaFecha o Congresso Nacional, impõe censura à imprensa e acaba com a liberdade partidária, independência dos três poderes e federalismo
1943 – Em 24 de outubro, circula de mão em mão o Manifesto dos Mineiros, com 92 assinaturas Devido à censura à imprensa, documento é rodado em gráfica em Barbacena, na Região Central
1944 – Sem motivos para incluir na Lei de Segurança Nacional os signatários do manifesto, Vargas manda demitir aqueles que ocupavam cargos em órgãos públicos e empresas privadas
1945 – Em 20 de outubro, Vargas é deposto por golpe militar e conduzido ao exílio em São Borja (RS)Ele não foi julgado pelos atos arbitrários cometidos na ditaduraVolta ao poder em 1951 pelo voto popular