(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas PARQUE DE SONS E BORBOLETAS

Parque Lagoa do Nado é um convite a passar uma tarde em Itapoã


postado em 19/10/2013 06:00 / atualizado em 19/10/2013 07:03

Músicos da banda da Guarda Municipal ensaiam canção do poeta na arena do Lagoa do Nado(foto: Angelo Pettinati/Esp. EM/D.A Press)
Músicos da banda da Guarda Municipal ensaiam canção do poeta na arena do Lagoa do Nado (foto: Angelo Pettinati/Esp. EM/D.A Press)


 

Escritas na madeira dos bancos e nos troncos dos fícus mais frondosos estão juras e promessas de amor. Na orla da Lagoa do Nado, ali, mar que não tem tamanho de paixões, riscos feitos coração emolduram dezenas de enamorados. O casal tira o dia para vadiar e trocar carinhos na piscina vazia. Ninguém de calção de banho nem em esteira de vime. Vinicius de Moraes é só poesia no saxofone do guarda municipal Wellington José Araújo, de 32, que ensaia Garota de Ipanema na arena vazia. No mês das crianças, o bairro é dos pequenos em recesso que, sorrindo, recitam As borboletas. Ainda que muito diferente da Praia de Itapuã, na Bahia, inspiração do poeta, é bom passar uma tarde no Bairro Itapoã, na Região da Pampulha.

São muitas as árvores que embelezam a Rua Dr. José Esteves Rodrigues, onde os pássaros promovem algazarra e cantoria no início da tarde. De galhos dados, o verde de muitos tons forma pequeno túnel da natureza onde reina o concreto. Na calçada de esquina do Bairro Itapoã, a farra do passaredo é privilégio dos moradores do Edifício Sparta, com suas janelas e sacadas para o espetáculo dos bichos. O arranha-céu azul e branco reina absoluto no quarteirão. O galo nanico canta desafinado entre o quarteto de cães rocos no quintal do casarão vizinho.

Nas costas do Parque Municipal Fazenda Lagoa do Nado, com 300 mil metros quadrados de lazer em meio a natureza, colunas de cimento tombadas pedem cuidados. Dona Maria Lúcia, de 54, moradora da região desde a infância, lamenta: “O bairro é bom. Precisa de mais segurança e de melhorias no parque”.

FELICIDADE Operários fazem a poda de ipês, castanheiras, murtas e mirindibas numa entrada do parque. A dona de casa Maria Lúcia reclama mais atividades. “Se tivesse mais programação, as pessoas podiam usufruir de mais do espaço. A população precisa de mais atrações para conhecer e usar melhor o parque. Ele é da cidade”, ressalta. No caminho da lagoa, adultos e crianças felizes com a tarde de folga, em família. Para muitos, é recesso escolar. Tempo de curtir a natureza.

(foto: Angelo Pettinati/Esp. EM/D.A Press)
(foto: Angelo Pettinati/Esp. EM/D.A Press)
Ângela Menezes Prado, de 55, veio com a irmã, a filha e os pequenos da família. “A gente sente falta da natureza porque passa a maior parte do tempo no trabalho. Tem que aproveitar a folga”, sorri. A professora passa a tarde no Itapoã e comenta com alegria a homenagem ao poeta. “O que mais me encanta no Vinicius é a poesia. Especialmente, as composições dedicadas às crianças”. Junto ao lago, perto dos peixes e das tartarugas, foto com os sobrinhos Caio, de 8, Igor, de 5, e da netinha Laís, de 2.

No balanço, Vanda Torres, de 14, voa alto. “Em 2006, fiz uma apresentação na escola de As borboletas. ‘Brancas/Azuis/Amarelas/E pretas/Brincam/Na luz/As belas/Borboletas’. Mas não é só isso não…”, alegra-se com a memória. A tia de Vanda, Fabiane Pousada Torres Pereira, de 39, acha graça. “Vinicius é um grande poeta. Muito importante para os adultos e para as crianças. Gostaria de saber muito mais sobre ele”, comenta, enquanto nina a filha Isabella, de 4. No piscina vazia, teatrinho de arena improvisado, o jovem casal namora sem brecha para abordagem.

 

A banda dá tom ao verde

Os meninos querem saber se tem ensaio da banda. O menor deles diz que é “muito legal aquele monte de instrumento”. São cerca de 40 músicos da Guarda Municipal de Belo Horizonte, sediados no parque. Apenas quatro ensaiam a Tarde no Itapoã. Fábio Jesus Santos, de 33, rouba a cena com o trompete e Marcelo Vicente da Silva, de 33, com a clarineta. Marcelo Arlei Gonçalves, de 31, toca trompa. Estudante de música da UFMG, revela grande admiração por New York New York, de Frank Sinatra.

Para Marcelo, desde que a banda está no parque, a segurança do lugar melhorou muito. “Antes eram muitos os casos de drogas e até homicídios. Hoje, infelizmente, ainda temos alguma ocorrência de pequenos furtos e uso de drogas, mas é bem menos.” Wellington José Araújo, de 32, saxofonista, considera o parque “um pedaço da natureza preservada no meio do caos urbano”. Diz que, para ele, a música representa tudo. “É a minha vida. A música mudou muita coisa. Me dá a oportunidade de trazer à tona sentimentos que só descobrimos por meio da arte”, considera. Em casa, Vinicius de Moraes é com a filha Ana Luiza, de 9. “Ela gosta muito. De vez em quando chega em casa, recitando o poeta”, orgulha-se, enquanto cai a tarde no Itapoã.

 

 

“O que mais me encanta no Vinicius é a poesia. Especialmente as composições dedicadas às crianças”

Ângela Menezes Prado,
com os sobinhos Caio e Igor e a neta Laís

TARDE EM ITAPOÃ

“…É bom
Passar uma tarde em Itapoã
Ao sol que arde em Itapoã
Ouvindo o mar de Itapoã
Falar de amor em Itapoã…”


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)