Com mais de um ano de atraso, as blitzes mais rigorosas da Lei Seca devem começar no interior de Minas até o fim do mês ou início de novembroA promessa é da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), que num primeiro momento chegou a marcar o início das operações em 12 cidades mineiras para agosto do ano passadoA campanha “Sou pela vidaDirijo sem bebida” foi implantada há mais de dois anos em Belo HorizonteAs blitzes mais constantes em perímetro urbano são esperança de prefeituras de cidades que registraram aumento expressivo de frota para frear acidentes.
“Com a chegada dos equipamentos, vamos intensificar as blitzes da Lei Seca”, diz o coronel Cesar Ricardo Guimarães, comandante da 11ª Região da PM, em Montes ClarosSegundo ele, algumas operações já são feitas, com impacto positivoNo ano passado, diz o coronel, 38 pessoas foram flagradas ao volante depois de terem bebidoEste ano, foram 74 autuaçõesA mistura de álcool e direção é uma das principais causas de acidentes no país: segundo pesquisa do Ministério da Saúde em 71 hospitais públicos, por exemplo, a bebida estava relacionada a 21% dos acidentes com vítimas em 2011.
A Seds promete distribuir esta semana o material para ampliar as blitzes da Lei SecaEm agosto, 90 agentes, entre policiais civis, militares e bombeiros, passaram por treinamento em Belo Horizonte para atuar nas operaçõesOs kits de fiscalização têm base móvel, duas motocicletas, equipamentos de filmagem e gravação de imagens e áudio, dois notebooks, uma impressora, modem, bafômetros, bocais, cavaletes e banners para indicação da operação
Ao todo são 530 bafômetros, dos quais 140 são da Polícia Militar Rodoviária (PMRv)Mais 100 aparelhos serão distribuídosA orientação é de que o comando da PM de cada uma das 12 cidades escolhidas fiscalize também os municípios da regiãoA expansão da campanha para o interior foi anunciada para o mês passado, mas a Seds alegou que os veículos que serão distribuídos ainda precisavam ser plotados e que o material não tinha sido todo adquirido.
Resultados Desde julho de 2011, quando começaram as blitzes mais rígidas em Belo Horizonte, 80.160 veículos foram abordadosNo período, 1.059 pessoas cometeram crime de trânsito, quando o teste do bafômetro indica nível acima de 0,34 miligrama de álcool por litro de ar expelidoOutros 2.570 motoristas cometeram infrações e responderam administrativamenteNesses casos, o teste do bafômetro indicou entre 0,05 e 0,33 miligrama de álcool por litro de ar expelidoEm dezembro de 2012, a Lei Seca ficou mais rígidaQuem é flagrado com mais de 0,34 miligramas de álcool por litro de ar expelido ou se recusa a soprar o bafômetro perde o direito de dirigir por um ano e paga multa de R$ 1.915,40Os autuados também são processados criminalmente.
Enquanto as blitzes da campanha “Sou pela vida
Estatísticas da Polícia Rodoviária Federal indicam uma redução no Norte de Minas de acidentes com vítimas nos quais os motoristas haviam bebidoEm 2011, 47 acidentes com essas características foram registrados nas BRs 365, 135 e 251, com 45 feridos e nove mortosO número caiu para 32 em 2012, com o registro de 39 feridos e seis mortosEm 2013, até agora, ocorreram nos mesmos trechos 29 acidentes nos quais os motoristas haviam bebidoNo total, 28 pessoas ficaram feridas e uma morreu.
Especialista vê situação ‘crítica’
O aumento da frota de veículos no interior de Minas vai exigir planejamento de circulação de trânsito, incentivo ao transporte público e aumento da fiscalizaçãoA avaliação é do professor Ronaldo Guimarães Gouvêa, do Departamento de Engenharia de Transportes e Geotecnia da Escola de Engenharia da UFMGPara ele, o trânsito em cidades de médio e grande porte em Minas caminha para uma “situação crítica”, com saturação de vias“Para melhorar as condições de circulação de uma cidade é preciso investir no transporte público”, defende.
O professor chama a atenção para os riscos de uma fiscalização falha em cidades nas quais o número de veículos cresceu muitoPara ele, boa parte dos acidentes de trânsito estão relacionados à falta de fiscalização“São duas palavras: imprudência e impunidadeComo de um modo geral a fiscalização é deficiente no interior, os motoristas são incentivados à imprudênciaMuitos querem dirigir com celular no ouvido, atingir a velocidade máxima em zona urbana, beber e pegar o carro”, enumera.