As polícias Militar e Civil apuram denúncias de torturas física e psicológica cometidas por integrantes das duas corporações contra o procurador da União José Aluísio de Oliveira. O caso ocorreu no feriado de 12 de outubro, durante abordagem, em que Oliveira foi preso por desacato e teria sido agredido. Ontem, em reunião com deputados da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, ele contou detalhes de sua prisão, perto de sua casa, em Sete Lagoas.
O tenente-coronel José Anchieta Machado, comandante do 25º Batalhão da PM, informou que foi instaurado Inquérito Policial Militar (IPM) na sexta-feira. Segundo ele, no dia 15 o procurador representou no Ministério Público estadual de Sete Lagoas contra os policiais envolvidos na ocorrência. Dois dias depois ele tomou conhecimento das denúncias e determinou a apuração.
O procurador foi abordado por um sargento e dois soldados. Um militar disse ter sido agredido e procurou atendimento médico. Diante do conflito, um tenente acompanhou o desenrolar da ocorrência. José Anchieta não quis revelar detalhes do boletim de ocorrência, em que José Aluísio foi levado para o plantão da Polícia Civil acusado de desacato. “Há duas versões e vamos apurar no IPM. Não vamos passar a mão na cabeça de ninguém”.
Já a Polícia Civil abriu investigação, depois que tomou conhecimento das denúncias na Assembleia. A 1ª Subcorregedoria fará a investigação, por determinação do corregedor da corporação, Renato Patrício Teixeira.
Em depoimento na Comissão de Direitos Humanos, Aluísio contou que na noite do feriado, depois de quase ser atropelado pela viatura da PM, recebeu socos e pontapés, mesmo algemado e amarrado. “Tentei me identificar como servidor público, mas a resposta eram agressões verbais e humilhações”, afirmou. Ele acrescentou ainda que, na delegacia foi lavrado boletim de ocorrência inverídico e a tortura teria continuado. “O delegado e o detetive que me receberam voltaram a me algemar, atiraram spray de pimenta nos meus olhos e boca e se negaram a colher meu depoimento”, alegou o procurador, que disse ter sido obrigado a assinar um termo de soltura, dizendo que não tinha sofrido agressões.