Agora está sacramentado: as obras de construção da Catedral Cristo Rei, no Bairro Juliana, na Região Norte de Belo Horizonte, começam no dia 4. A Arquidiocese de Belo Horizonte informou ontem já dispor de 20% dos recursos necessários – o total é de cerca de R$ 100 milhões – para concluir a primeira fase, que inclui terraplenagem e contenção de terra. Para deslanchar o projeto, cuja concepção arquitetônica é de Oscar Niemeyer (1907–2012), a Cúria Metropolitana tem dinheiro em caixa, fruto de campanhas e doações, e também oferta assegurada de maquinário, por parte de empresas, e de material, a exemplo de aço e nióbio. A previsão é de que a igreja esteja pronta em 2017.
O gerente de projetos da arquidiocese, arquiteto Leonardo de Araújo Pereira, esteve ontem no terreno de 23 mil metros quadrados para último levantamento técnico, pois segue hoje para Porto Alegre (RS) a fim de acompanhar, no laboratório da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o teste “túnel de vento”, fundamental para a segurança do templo de 100 metros de altura.
Os trabalhos topográficos necessários para a terraplenagem já foram feitos e o cronograma das próximas atividades está definido. Na segunda-feira, a equipe técnica de BH estará no Rio de Janeiro (RJ), onde se encontrará com arquiteto Jair Valara, responsável pelos projetos do escritório Oscar Nimeyer. As informações resultantes desse encontro serão importantes para o engenheiro Mário Terra fazer cálculos para definição das contenções. No dia 29, técnicos da construtora Mendes Júnior, encarregada da obra, estarão no terreno para definir os locais de instalação de vestiários, banheiros e outros equipamentos para os trabalhadores. Finalmente no dia 4 terá início a mobilização, com a execução dos canteiros de obras e primeiras intervenções.
TÚNEL DE VENTO
Leonardo explica que os testes no laboratório de Porto Alegre serão muito importantes. “A catedral será muito alta, com 100 metros a partir da praça, então é preciso fazer a análise aerodinâmica da construção”, disse o arquiteto, que levará o projeto arquitetônico e detalhes do levantamento fotográfico. Serão feitos estudos de pressão, efeitos dinâmicos, conforto de pedestres, medição da vizinhança e a ação do vento na estrutura de aço e concreto com altura de um prédio de 33 andares.
Sob a praça na qual se erguerá o templo, haverá três andares para o Museu de Arte Sacra, Memorial do Sacramento, auditório com 700 lugares, sede da Cúria Metropolitana, espaço para os vicariatos.
Esperança de 91 anos
A construção da Catedral Metropolitana de Belo Horizonte é um sonho nascido em 1922 com o primeiro chefe da Cúria, dom Antônio dos Santos Cabral, o dom Cabral (1884–1967). Em 30 de abril daquele ano, dom Cabral chegou à capital para instalar a diocese, criada em 11 de fevereiro de 1921 pelo papa Bento XV. Entre as tarefas, estava o desafio de construir a catedral.
O tempo passou até que, em 2004, o arcebispo metropolitano dom Walmor Oliveira de Azevedo começou as conversas com o clero e segmentos da sociedade, certo de que o projeto teria de ser no epicentro da região metropolitana. No ano seguinte, ficou definido que o projeto será implantado em frente à Estação Vilarinho, do metrô, na Avenida Cristiano Machado, na Região Norte da capital. Em maio de 2006, o arquiteto Oscar Niemeyer apresentou o projeto à arquidiocese.
Em 2 de julho de 2011, foi feita a apresentação do projeto à comunidade católica no ginásio do Mineirinho, na Região da Pampulha, em BH. Quatro meses depois, em 19 de novembro, foi iluminada a cruz da catedral – branca, de 20 metros de altura, feita de uma liga de aço e nióbio de Araxá, e abençoada a pedra fundamental do templo.
Em 30 de agosto do ano passado, foi assinado o protocolo de intenções entre a cúria e a construtora Mendes Júnior. Em 7 de abril, em missa presidida pelo núncio apostólico no Brasil (embaixador do Vaticano), dom Giovanni D’Aniello, e concelebrada por dom Walmor e bispos auxiliares, foram abençoadas as máquinas que vão entrar em operação em novembro.
CAMPANHA DO CIMENTO
A arquidiocese lançou a campanha Doe cimento para ajudar a construir a catedral e já conseguiu recolher valor correspondente a 3 mil sacos do material. Para a primeira fase, serão necessárias 90 mil. As ofertas, de R$ 22 a unidade, podem ser entregues nas paróquias, na cúria (Avenida Brasil, 2.079, Praça da Liberdade), na Rede Catedral de Comunicação (Avenida Itaú, 515, Dom Cabral), na Fumarc (Francisco Salles, 540, Floresta), na Capela Nossa Senhora do Rosário (Rua São Paulo, 759, no Centro) e na rodoviária. A quantia pode ser depositada no Banco Santander (033) Agência 3476, conta 13004275-2, nominal à Mitra Arquidiocesana de BH. Informações: (31) 3269-3100.
CÁTEDRA DO BISPO
» Catedral Cristo Rei, da Arquidiocese de Belo Horizonte, será construída no Bairro Juliana, na Região Norte. Concepção arquitetônica de Oscar Niemeyer.
» A capacidade é para 5 mil pessoas sentadas (parte interna). Em grandes eventos, pode receber até 20 mil fiéis.
» A catedral terá 42 mil metros quadrados de área construída, considerando-se o templo, três andares abaixo da praça e estacionamento. O terreno da arquidiocese tem 23 mil metros quadrados.
» O monumento terá duas colunas com 100 metros de altura, campanário com 40 metros e sete sinos, e uma cruz de 20 metros, tudo na cor branca.
» Os investimentos estimados são de R$ 100 milhões e a arquidiocese já dispõe de 20% do total.
» Catedral vem do latim ecclesia cathedralis e designa a igreja que tem a cátedra oficial do bispo, de onde, simbolicamente, ele exerce a tríplice missão de pastorear, santificar e ensinar. Na Europa, as universidades nasceram nas catedrais.
» A atual Catedral de Nossa Senhora da Boa Viagem, no Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul de BH, que vem funcionando em caráter provisório, continuará como Santuário Arquidiocesano de Adoração Perpétua.