Jornal Estado de Minas

Skinhead deixa a Penitenciária Nelson Hungria

Jovem preso sob acusação de racismo e formação de quadrilha ganhou liberdade provisória

Daniel Silveira João Henrique do Vale
Skinhead foi capturado no interior paulista depois de fugir de BH ao saber que era procurado - Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A.Press


Já está de volta às ruas de Belo Horizonte o skinhead Antônio Donato Baudson Peret, de 25 anos, apontado pela polícia como integrante de um grupo neonazista que atua na capitalEle ficou conhecido depois que postou uma foto no Facebook em que enforcava um morador de rua na Savassi, usando uma corrente de ferroEle deixou o Complexo Penitenciário Nelson Hungria, em Contagem, por volta das 21h40 desta quarta-feira, beneficado pela Justiça Federal, que lhe concedeu liberdade provisória após seis meses de detenção.

Foto que circulou na internet causou revolta e levou à identificação do grupo - Foto: Reprodução/Facebook Donato foi preso em abril sob acusação de racismo e formação de quadrilhaEle começou a ser investigado depois que circulou na internet a foto que o mostrava enforcando um mendigoAo ser preso, ele se referiu à fotografia como “uma brincadeira infeliz” e garantiu que o homem acorrentado sabia que era uma encenação“Não tenho preconceito por ninguémNão faço parte de movimento nenhumSó acredito numa coisa: a liberdade de um acaba quando começa a do outro”, afirmou ao ser apresentado à imprensa na época.

No mês em que Donato foi preso o Estado de Minas apurou junto à Polícia Militar que o rapaz se envolveu em pelo menos dez ocorrências, entre embriaguez ao volante, agressão, lesão corporal e ameaçaNo estado, ele responde ainda a três processos por agredir homossexuaisEm São Paulo, são duas ocorrências por lesão corporalLá, em 2011, ele chegou a ser preso com Artur Ruda Gomes Fonseca, de 20, depois de terem agredido um grupo de 11 skatistas na Avenida Paulista, nos Jardins, conforme informou a a Delegacia de Crimes Raciais de São Paulo.

Com trio foram apreendidas armas, fardamento e material de cunho nazista - Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A.Press A investigação sobre o grupo de Donato culminou na prisão de outros dois jovens, que também já ganharam a liberdade
São eles Marcus Vinícius Garcia Cunha, de 26 anos, e João Matheus Vetter de Moura, de 20De acordo com a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), Cunha deixou a prisão em 8 de outubro após a expedição de um mandado de solturaJá Moura foi solto em 22 de abril deste anoAmbos foram presos nas respectivas casas, em Belo HorizonteJá Donato foi capturado na rodoviária de Americana, no interior de São PauloO skinhead fugiu para a cidade depois que a polícia começou a procurá-lo.

Os advogados de Donato entraram com um pedido de relaxamento de prisão e outro requerendo a liberdade provisória“No primeiro, argumentamos o excesso de prazo, pois ele estava preso por mais de 123 dias sem o processo estar concluídoNo outro, informamos que ele tem residência fixa, família constituída e que se, colocado na rua, não colocaria a sociedade em risco”, disse o defensor William Ferreira de Souza. 

A juíza Raquel Vasconcelos Alves de Lima julgou o recurso nesta terça-feira e acatou a liberdade provisória“Na decisão, ela mantém algumas condiçõesEle deverá comparecer à Justiça todo mês para assinar um documento, não vai poder acessar as redes sociais, frequentar alguns lugares, entre outros”, explica o advogado.