Já está de volta às ruas de Belo Horizonte o skinhead Antônio Donato Baudson Peret, de 25 anos, apontado pela polícia como integrante de um grupo neonazista que atua na capital. Ele ficou conhecido depois que postou uma foto no Facebook em que enforcava um morador de rua na Savassi, usando uma corrente de ferro. Ele deixou o Complexo Penitenciário Nelson Hungria, em Contagem, por volta das 21h40 desta quarta-feira, beneficado pela Justiça Federal, que lhe concedeu liberdade provisória após seis meses de detenção.
Donato foi preso em abril sob acusação de racismo e formação de quadrilha. Ele começou a ser investigado depois que circulou na internet a foto que o mostrava enforcando um mendigo. Ao ser preso, ele se referiu à fotografia como “uma brincadeira infeliz” e garantiu que o homem acorrentado sabia que era uma encenação. “Não tenho preconceito por ninguém. Não faço parte de movimento nenhum. Só acredito numa coisa: a liberdade de um acaba quando começa a do outro”, afirmou ao ser apresentado à imprensa na época.
No mês em que Donato foi preso o Estado de Minas apurou junto à Polícia Militar que o rapaz se envolveu em pelo menos dez ocorrências, entre embriaguez ao volante, agressão, lesão corporal e ameaça. No estado, ele responde ainda a três processos por agredir homossexuais. Em São Paulo, são duas ocorrências por lesão corporal. Lá, em 2011, ele chegou a ser preso com Artur Ruda Gomes Fonseca, de 20, depois de terem agredido um grupo de 11 skatistas na Avenida Paulista, nos Jardins, conforme informou a a Delegacia de Crimes Raciais de São Paulo.
A investigação sobre o grupo de Donato culminou na prisão de outros dois jovens, que também já ganharam a liberdade. São eles Marcus Vinícius Garcia Cunha, de 26 anos, e João Matheus Vetter de Moura, de 20. De acordo com a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), Cunha deixou a prisão em 8 de outubro após a expedição de um mandado de soltura. Já Moura foi solto em 22 de abril deste ano. Ambos foram presos nas respectivas casas, em Belo Horizonte. Já Donato foi capturado na rodoviária de Americana, no interior de São Paulo. O skinhead fugiu para a cidade depois que a polícia começou a procurá-lo.
Os advogados de Donato entraram com um pedido de relaxamento de prisão e outro requerendo a liberdade provisória. “No primeiro, argumentamos o excesso de prazo, pois ele estava preso por mais de 123 dias sem o processo estar concluído. No outro, informamos que ele tem residência fixa, família constituída e que se, colocado na rua, não colocaria a sociedade em risco”, disse o defensor William Ferreira de Souza.
A juíza Raquel Vasconcelos Alves de Lima julgou o recurso nesta terça-feira e acatou a liberdade provisória. “Na decisão, ela mantém algumas condições. Ele deverá comparecer à Justiça todo mês para assinar um documento, não vai poder acessar as redes sociais, frequentar alguns lugares, entre outros”, explica o advogado.