O diretor da Fafich, Jorge Alexandre Neves, confirmou que uma professora do curso de antropologia e uma de história foram escolhidas para compor a sindicância. Um aluno de filosofia também integra o grupo, que diz ter encontrado “incongruências”na denúncia, como a alegação de que Santos já havia sido afastado de turmas de outros anos. “Isso não procede. Nunca houve processo formal contra ele”, disse Neves. A comissão deve ouvir os envolvidos no caso nos próximos dias e encerrar a investigação em um mês.
O Centro Acadêmico de Ciências Sociais, no entanto, manteve a versão de que o professor já foi afastado anteriormente por comentários machistas e de cunho sexual. Segundo a secretária do órgão, Fernanda Maria Caldeira, não há registro porque a retirada dele da sala de aula foi decidida em conversas informais com o colegiado, sem processo administrativo.
Ela contou ainda que outros professores não levavam suas denúncias adiante, dizendo que tudo não passava de brincadeiras que não deveriam ser levadas a sério. O material será mostrado à sindicância durante os depoimentos.
DEFESA
Há 16 anos na UFMG, Francisco Coelho dos Santos disse que se sente muito “embaraçado” com a situação, pois os estudantes não têm compromisso com a verdade. “As pessoas estão dizendo o que querem, sem se importar com o que realmente aconteceu. Por isso, há uma grande dificuldade para eu me posicionar”, explica.
Ele afirmou ainda que nunca tinha recebido reclamações sobre suas aulas antes e que continua comparecendo às outras turmas em vários cursos normalmente. Sobre a carta lida aos estudantes, na terça-feira, o professor negou que tenha assumido a culpa. “Falei apenas que há um grande mal-entendido e que lastimava que a aluna pudesse estar se sentindo prejudicada. Não tinha intenção alguma de causar prejuízo”, finalizou.
LIMITES
O caso na UFMG faz com que especialistas alertem para a perda do senso de autoridade de professores nas salas de aula. O pedagogo e consultor educacional Guilherme José Barbosa diz que, desde os anos 1960, quando houve a tentativa de acabar com o autoritarismo, a nova relação criada com os alunos não manteve o respeito que havia anteriormente. “Entramos na era da tirania dos filhos e alunos. À medida que o professor tenta sair do papel autoritário, esquece o limite e se torna um igual. Tem que haver distinção”, explicou.
Barbosa disse que, na sociedade atual, não há espaço para brincadeiras: “Isso é um grande risco que não podemos correr. O foco da aula não pode ser perdido”. Segundo ele, foi exatamente isso que aconteceu com Coelho. “Tenho a sensação de que houve perda de limite”.
O Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte e Montes Claros informou que não faz orientações sobre a metodologia na aula. O órgão informou que não vai se manifestar sobre o caso até o fim das investigações.