O crime de tortura aconteceu em 5 de setembro deste anoDe acordo com o delegado Gustavo Garcia Assunção, que preside o inquérito sobre o caso, os militares abordaram um homem em Ribeirão das Neves e encontraram com ele pedras de crackEm seguida, foram até a casa dele, no Bairro Veneza, onde ocorreu a torturaSegundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), no imóvel os militares colocaram um pano nas janelas e agrediram a vítima com socos e chutesPosteriormente, ainda conforme o TJMG, ordenaram ao homem vestir blusa de frio para camuflar os hematomas.
O homem chegou bastante machucado na delegaciaSegundo o delegado Gustavo Assunção, ele esperou a chegada de seus advogados para delatar os policias“Ele disse que havia sido torturado e agredido pelos militaresJá os policiais disseram que o rapaz já foi encontrado com ferimentos e que teria dito que os ferimentos foram provocados por causa de um acidente de trânsito”, conta
O homem acabou preso por causa das drogas encontradas com eleOs advogados dele entraram com um pedido de soltura, que foi atendido pela Justiça“O juiz requisitou na Justiça o inquérito para analisar os fatosEle decidiu trancar o inquérito de tráfico, pois entendeu que as drogas arrecadadas com o rapaz foram coletadas de forma ilegal”, disse o delegadoO homem acabou solto
A Justiça também determinou a prisão preventiva dos militares, sendo cinco lotados no 40º Batalhão da Polícia Militar e outro da Rondas Ostensivas com Cães (Rocca)“Cumprimos os mandados na última semanaAgora, vamos concluir as diligências pedidas pelo juiz para elucidar os fatos”, explica o delegado
Os advogados dos seis militares chegaram a entrar com um pedido de habeas corpus junto a 5ª Câmara Criminal
Acusados de homicídios
A Justiça também pediu a prisão de dois policiais acusados de homicídiosDe acordo com o TJMG, os militares executaram uma pessoa durante ação de busca e apreensão de drogasEles invadiram a casa, conforme a denúncia, e atiraram várias vezes contra a vítima, que estaria desarmada Segundo o juiz, que julgou a ação, “o laudo demonstra um corpo cravejado de projéteis, indicando que não foi necessário apenas um tiro para liquidar a vida da vítima, mas diversos e, por fim, talvez, o de “misericórdia” na nuca”
Ainda não há informações se os dois policiais envolvidos nesse crime foram presos
Decisão inspirada no sumiço de Amarildo
Em sua decisão sobre os dois casos, o juiz citou o desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo Dias de Souza, no Rio de JaneiroAo todo, 25 Pms foram denunciados no casoDestes, 13 estão presos e o restante irá responder em liberdadeSegundo o magistrado, há inúmeros processos envolvendo abusos cometidos por policiais em Ribeirão das Neves, que têm configurado uma prática “corriqueira e constante”Para ele, não se pode admitir que policiais militares “usem da farda e de um armamento fornecido pelo Estado para agredir a sociedade que o sustenta""Há a necessidade de garantir a ordem pública, especialmente dar uma resposta à sociedade, de não se permitir que policiais militares torturem e matem, se livrando soltos”, afirmou.
O EM.com.br entrou em contato com a PM e ainda aguarda resposta