A invasão de um laboratório em São Roque, no interior de São Paulo, há 10 dias por um grupo de ativistas para retirar quase 200 cães da raça beagle, sob alegação de maus-tratos em pesquisas, reacende a discussão sobre saúde pública envolvendo animais domésticos, principalmente cães e gatosEm Belo Horizonte, nem no mês de São Francisco, o protetor dos animais, eles escapam dos maus-tratosO abandono, geralmente, é uma condenação à morteNuma tarde de atendimento no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), no Bairro São Bernardo, na Região Norte de Belo Horizonte, o veterinário Adamastor Bussolotti lamenta mais um caso de abandono e atropelamentoNa maca, com fraturas e feridas em carne viva, uma pequena vira-lata recolhida pela carrocinha no Bairro Vale do Jatobá, no Barreiro“Tudo indica que ela já teve um larQuase sempre é assimA pessoa não cuida e deixa o animal na rua, largado à própria sorte, exposto a doenças e risco de morte por atropelamentoE o mais triste é que já deve ter outro filhote no lugar deste, sujeito ao mesmo destino”, lamentaPara o veterinário, muita gente trata bichos como objetos.
De janeiro a setembro, 2.277 animais foram recolhidos pelo CCZ, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, das ruas, por onde perambulam hoje cerca de 27 mil cachorrosA média é de sete por dia
Já os soropositivos para leishmaniose são sacrificadosÉ a cela 10 o fim da linha para os de pouca sorteA placa na grade, com letras de caixa alta, indica: “soropositivos”A eutanásia dos 10 infelizes do dia é feita às 16hO exame de contraprova é só para os bichos que têm donoPara a maioria, largada e trazida no laço, um resultado positivo é definitivoOs olhos tristes dos condenados eram profundos e comoventesMuitos já consumidos pela doença infectocontagiosa, de sinais visíveis no estágio mais avançado.
A poucos metros do corredor da morte fica a ala para adoção, com visitas públicas às segundas-feiras, entre as 10h e as 17h, e de terça-feira a sexta-feira, das 9h30 às 17h, na Rua Edna Quintel, 173, próximo ao aeroporto da Pampulha
No alto, na parede do CCZ, o lembrete: “É mais que cruel abandonar um animalÉ contra a leiLei 4.323, de 13 de janeiro de 86, e Decreto 5.616, de 15 de maio de 1987”Para Leila Alves dos Santos, o que mais causa tristeza é a carência dos animais“Nossa maior felicidade é quando alguém de bom coração chega aqui e leva um, dois, para casa”, sorriA agente de saúde explica que não é só levar É preciso assinar um termo de compromisso de “guarda responsável”.
Os gatos são os preferidos para adoçãoNão ficam muito tempo no gatilNa gaiola 3, mãe e filhote já encontraram novo larOutros 10 – cinco filhotes e cinco adultos – aguardamJá entre os cães, Chandele, Coalhada, Doce, Polenta, Babita, Candoca, Pururuca, Fulana, Nega Maluca, Babalu, Tulipa e seus filhotes contam com a sorte para dias menos tristesEm quase todos os engaiolados, os olhos luminosos e as patinhas festeiras parecem pedir uma chance de ganhar um lar