Em Minas, ao menos quatro mil pessoas prestam algum tipo de auxílio voluntário a animais abandonados, inclusive veterinários, que oferecem atendimentos gratuitosA estimativa é de Crispim Zuim Neto, de 45 anos, que mantém o site O Lobo Alfa, que divulga feiras para adoção de bichos realizadas em várias cidades do estadoEm sua casa, ele mantém seis cães, três dos quais à espera de alguém que os adote“A quantidade de adotantes ainda é muito menor que a de animaisHá pessoas com 60 cães em casa, sem conseguir ninguém que queira levá-los”, afirmaO advogado considerou “necessário” o que ocorreu no interior de São Paulo“É difícil de avaliar
Crispiam acredita que o uso de animais já deveria ter sido abolido dos testes em laboratório“É cruel demais o que se faz lá dentroPara calcular o grau de toxicidade de alguns produtos, há testes que fazem mal aos bichos, para que se possa ver em que medida essas substâncias fariam mal a humanosUm deles, por exemplo, fica aplicando xampu nos olhos de coelhos para descobrir se ocorre irritação”, argumenta“Uma quantidade enorme de indústrias de cosméticos não faz mais experimentos com animaisHá vários métodos substitutivosA comunidade científica é inteligente a ponto de encontrar alternativasAcho que o que falta é boa vontade”, acrescenta.
A psicóloga Marisa Catelli, de 56, é presidente da organização não governamental (ONG) Cãoviver, cujo abrigo em Contagem, na Grande BH, tem capacidade para 150 cães, 40 gatos e está sempre lotadoTodos os sábados a entidade faz feiras de adoção
Marisa aprova a invasão do Instituto Royal e defende o fim de experimentos usando animais “O teste com bichos tem que acabar porque já há alternativasMuitas indústrias de cosméticos não testam em animaisO fato de o animal não poder viver solto, correr e brincar já é maus-tratos”, sustenta.
Animais indispensáveis
No caso de alguns testes em laboratório, no entanto, ainda não é possível dispensar o uso de animais, segundo a professora da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Christina Malm“Há muitos testes com métodos substitutivos, mas, infelizmente, hoje nem todos têm alternativaMas existe uma busca muito grande, no Brasil e no exterior, por outros métodosHá empresas dedicadas apenas a esse tipo de pesquisaAlguns tipos de teste trazem sofrimento ao animal”, aponta.
Apesar disso, a especialista, que coordena um projeto de extensão dedicado à castração de animais recolhidos nas ruas, aprova o que ocorreu em São Paulo“A gente é movida pela emoção, muitas vezesNão sei como são os testes feitos naquele instituto, mas acho a ação legítima simNos Estados Unidos e na Europa, já houve várias ações desse tipoElas visam despertar a sociedade para o assunto, que é bastante importante e polêmicoFazem as pessoas pensarem sobre isso e buscar caminhos melhores para os animais, que não merecem sofrer o que sofrem”, alega.