Canal imediato de comunicação, sistemas de segurança modernos e vigilância permanente para salvar vidas e proteger o patrimônio. Em iniciativa inédita no país, os dentistas mineiros ganham um aliado importante para impedir assaltos, furtos e arrombamentos nos consultórios e clínicas com a criação da Rede de Dentistas Protegidos, parceria entre o Conselho Regional de Odontologia de Minas Gerais (CRO-MG) e a Polícia Militar, com apoio do Sindicato dos Odontologistas de Minas Gerais (Somge).
Somente nos últimos dois meses, o conselho recebeu 40 denúncias de dentistas em BH, segundo o presidente da entidade, Luciano Eloi Santos, para quem o serviço será fundamental para encorajar as vítimas a denunciar e notificar ocorrências. “Muita gente ainda fica receosa de denunciar, para não ficar estigmatizada e expor o local de trabalho. Daí, as subnotificações policiais”, afirma Luciano.
Para participar da rede, similar à de vizinhos que já existe, os dentistas devem se cadastrar no conselho. Além da interligação, fazendo com que cada um conheça o colega do lado, e de um selo específico nos consultórios e clínicas, para intimidar os bandidos, o sistema tem novidades como botão de pânico para emergência, aplicativo no celular e câmera de segurança. Uma cartilha com orientação já circula entre os profissionais com dicas de segurança. A nova rede beneficia inicialmente o Hipercentro, que reúne 80% dos dentistas da capital, expandindo-se, na sequência, para as outras regiões e Grande BH (6 mil dentistas). No estado, há 26 mil desses profissionais na ativa.
A ideia da Rede de Dentistas Protegidos surgiu há três meses, durante palestra, no conselho, do major Gedir Rocha, comandante da 6ª Companhia, responsável pelo Hipercentro. “Durante a conversa, fiquei impressionado ao saber que não há qualquer relação e conhecimento entre os dentistas, mesmo trabalhando próximos. Eles ficam sozinhos. Ouvi relato de vítimas que não fizeram a ocorrência”, disse o oficial. “O objetivo é trocar informações frequentes e montar uma estrutura de segurança. Prevenção é tudo e autoproteção essencial para evitar crimes. Nesse sistema, o conselho fará a intermediação”, afirmou o comandante, adiantando que o sistema entrará em operação em duas semanas.
Quadrilhas
No seu consultório no Centro de BH, o cirurgião-dentista e fisioterapeuta Frederico Cordeiro de Paiva Araújo, de 34 anos, já mantém um sistema de monitoramento por câmeras. Ele informa que, além de bandidos que agem individualmente, quadrilhas especializadas em furtos de equipamentos de consultórios e clínicas odontológicas atuam na capital, daí a necessidade de uma rede de comunicação e auxílio mútuo.
“Há maior número de mulheres dentistas do que homens”, destaca Frederico. O conselho identificou o perfil das vítimas: mulheres que trabalham sozinhas e ficam no consultório depois das 18h, quando a secretária terminou o expediente. Os dentistas, portanto, jamais devem aceitar pessoas que marcam a primeira consulta, para fazer o orçamento, ou atender desconhecidos depois das 18h.
Em maio, a dona d
e uma rede de clínicas, a dentista Ana Garcia, teve um estabelecimento atacado no Hipercentro. “Vinte pessoas estavam trabalhando quando os três homens entraram. Não levaram equipamentos, mas roubaram celulares e alianças de ouro dos pacientes”, recorda-se. Como a clínica tem câmeras, foi possível a identificação e a prisão dos bandidos. “A ocasião faz o ladrão. Muitas vezes, a culpa é dos próprios dentistas, que não se preocupam com a segurança”, acredita Ana.
Alerta no consultório
Orientações para garantir a segurança no atendimento a pacientes
» No agendamento de consulta por telefone, anote nome completo do paciente, RG ou CPF, telefones de contato, idade e indicação. Ligue antes confirmando a consulta
» Evite marcar o primeiro ou último horário do dia para pacientes que você não conhece
» Evite atender pacientes com a porta da sala fechada
» Treine funcionários para ter postura atenta e vigilante sobre pessoas que frequentam o consultório. Se possível, atenda acompanhado.
» Cuidado com prestadores de serviço. Solicite que retirem o capacete para identificação e os atenda fora do consultório, evitando pagamentos em dinheiro
» Em caso de assalto, mantenha a calma, não reaja nem faça movimentos bruscos e responda somente o que for perguntado. Mantenha as mãos à vista e avise sobre seus atos. Observe a fisionomia e as características do criminoso. Avise a polícia pelos números 190 ou 181 (disque-denúncia) e registre boletim de ocorrência.
FONTE: CONSELHO REGIONAL DE ODONTOLOGIA DE MINAS GERAIS