A Justiça concedeu a reintegração de posse à Fundação Educacional Lucas Machado (Feluma), mantenedora da Faculdade de Ciências Médicas, e determinou que os ocupantes do casarão na Rua Manaus, 348, em Santa Efigênia, na Região Leste de Belo Horizonte, deixem o imóvel. A ocupação ocorreu no sábado, quando cerca de 50 pessoas entraram no local, que recebeu o nome de Espaço Cultural Luiz Estrela, homenagem a um morador de rua assassinado no Centro de BH há poucos meses.
A decisão favorável à Feluma foi tomada ontem pelo juiz da 26ª Vara Cível de BH e está sendo contestada pelos advogados do Coletivo Margarida Alves, defensores dos ocupantes do casarão. Eles alegam que o imóvel pertence ao estado, é um bem público e a Feluma não tem legitimidade para pedir a reintegração de posse. Procurada pelo Estado de Minas, a direção da Faculdade de Ciências Médicas não se pronunciou sobre o assunto. A assessoria de imprensa da faculdade informou não ser possível encontrar um representante da diretoria para falar sobre a questão.
O casarão foi inaugurado em 1913 como sede do Hospital Militar da Força Pública Mineira. Até 1946 a unidade médica funcionou no local. Depois, o imóvel foi usado por uma escola pública, até ser fechado, em 1980. No dia da ocupação, os ativistas informaram que o local estava abandonado e que seria transformado num espaço para atividades artísticas da cidade. Eles afirmaram que resistiriam às tentativas de desocupação.
Por sua vez, o governo de Minas, também no sábado, negou o abandono do imóvel e informou que o casarão havia sido cedido para a Feluma para a construção de um memorial ao ex-presidente Juscelino Kubitschek, que trabalhou como médico no Hospital da Força Pública na década de 1940.