Uma parte importante da história da colonização de Minas Gerais agora está protegidaEm reunião ontem, o Conselho Estadual do Patrimônio Cultural (Conep) aprovou o tombamento definitivo de cerca de 200 imóveis que integram o Centro Histórico de Oliveira, no Centro-Oeste do estadoAlém do casario, a decisão contempla o entorno do local, devido a seu valor históricoA deliberação do Conep pôs fim a um processo que durou 19 meses, pois a prefeitura de Oliveira queria discutir mais a questão e em março do ano passado, quando o tombamento provisório foi aprovado, recorreu da decisão
No recurso, a prefeitura alegou que o tombamento estava sendo feito à revelia da população e ainda questionava o tamanho da área do entorno incluída no processo de proteção do patrimônio histórico e cultural, entendendo que a abrangência do perímetro tombado deveria ser menorAnalisados os argumentos, o Conep, órgão ligado ao Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha/MG), referendou ontem o tombamento provisório.
Para a arquiteta Rosana Marques, gerente de patrimônio material do Iepha e uma das responsáveis pela elaboração do parecer que embasou a decisão, "a opção do Iepha pelo tombamento coletivo permitirá a proteção mais efetiva dos casarões e também do entorno"Ela acrescentou que o conjunto "tem um expressivo valor arquitetônico, histórico, paisagístico e uurbano"
Rosana lembrou que os primórdios da fundação do município de Oliveira datam do começo do século 18, quando bandeirantes e aventureiros que seguiam do Rio de Janeiro em busca do ouro encontrado nos sertões de Goiás passavam pela região onde hoje está a cidadeO trajeto percorrido pelos bandeirantes, que ficou conhecido como Picada de Goiás, contribuiu para o surgimento de inúmeras povoações em Minas, entre as quais Oliveira.
Povoação primitiva
Em seu voto, que levou ao tombamento do conjunto histórico e arquitetônico, o relator Carlos Henrique Rangel acentuou que no município ainda hjoje “é possível observar o traçado original da primitiva povoação, os elementos arquitetônicos mais característicos de sua trajetória ao longo dos séculos 18, 19 e 20, como os casarões e sobrados oitocentistas em pau-a-pique e adobe e as edificações em tijolo e concreto ao gosto neoclássico, ecléticas, art déco e modernos"Procurada, a prefeitura de Oliveira não quis se manifestar sobre o assunto, alegando que ainda não foi comunicada oficialmente da decisão do Conep.
Muitos casarões incluídos no conjunto arquitetônico estão em péssimas condições de preservação e há pelo menos três anos o Iepha e o Ministério Público se esforçam para que os donos desses imóveis restaurem os imóveisUm dos exemplos mais conhecidos é o Casarão da Figuinha, que ficou abandonado por muitos anos e corre o risco de ruir.
SAIBA MAIS: PICADA DE GOIÁS
Nos primeiros anos do século 18, com a descoberta de ouro em Goiás, bandeirantes e aventureiros vindos do Rio de Janeiro cortaram caminho por Minas Gerais para chegar até os garimpos em solo goiano