A instalação ainda precária de radares e de sinalização de novas rotas na BR-381 (Rodovia Fernão Dias) preocupa motoristas e deixa mais perigosa a viagem entre Belo Horizonte e São PauloNenhum dos 13 radares em implantação no trecho funciona porque faltam todos os equipamentos, mas, como estão no local há pelo menos três meses, provocam reações diferentes dos condutoresQuem conhece a via e já sabe que os aparelhos ainda não emitem multa por excesso de velocidade continua o ritmo da viagem, mas quem desconhece o trecho acaba reduzindo bruscamente a velocidade por temer ser fotografado
O resultado da dúvida, segundo quem mora, trabalha ou passa por lá, são muitos acidentes, sobretudo colisões traseirasNo recém-inaugurado contorno de Betim o que tem deixado motoristas confusos é a divisão das faixas que seguem para São Paulo e o Sul de Minas, e das que levam ao Triângulo MineiroO maior problema é a sinalização horizontal no asfalto, que ainda não foi feita.
O perigo dos radares não ativados e dos postes que contêm apenas as carcaças metálicas dos aparelhos é reconhecido pela própria concessionária que instalou a aparelhagem e será operada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit)De acordo com a assessoria de imprensa da Autopista Fernão Dias, para que os motoristas não fiquem confusos, as câmeras que não funcionam foram cobertas por sacos plásticos pretosContudo, a reportagem do Estado de Minas percorreu o trecho de 120 quilômetros entre Contagem e Carmópolis de Minas, na Região Centro-Oeste, e constatou que dos seis aparatos de fiscalização fixa posicionados pela Autopista, apenas dois tinham sacos obstruindo as câmeras.
Esse encapamento dos radares, na prática, não alcançou o efeito desejadoNo km 568, em Itaguara, por exemplo, o aparelho coberto fica ao lado de uma placa que determina a velocidade máxima de 80 km/h para veículos leves e 60 km/h para transporte pesadoUsando um radar móvel, o EM flagrou carros de passeio a 122 km/h (%2b52%) e caminhões a 85 km/h (%2b41%)Ao mesmo tempo, motoristas que trafegavam acima de 90 km/h, ao perceber o radar com saco plástico reduziram bruscamente a velocidade para 70 km/h
A dúvida que leva motoristas a comportamentos diferentes em trechos críticos traz mais riscos de acidentes do que os previne, avalia o mestre em engenharia de transportes e professor da Fumec Márcio Aguiar“A incerteza causa acidentes, principalmente no momento de uma tomada de decisão, quando um (condutor) reduz e outro nãoIsso tem de ser corrigido com urgência, sobretudo porque se é área monitorada por radar é porque é muito perigosa”, afirma.
“Eu me cansei de ver batidas assimEu sei onde estão todos os radares da Fernão Dias e não reduzo onde não temMas a gente sabe que quem não conhece assustaSe o radar é de 80, o cara freia tanto que vai a 50Se é de 60, quase para, chegando a 30 ou 40 km/hAí, bate mesmo e até com violência”, conta o caminhoneiro paulista Wilson Cesar Ferreira, de 43 anos, que faz o trecho Betim-Nova Serrana-São Paulo todos os dias com o caminhão carregado de óleo vegetal“As coisas têm de ser certas
CONTORNO