Barão de Cocais – Estudiosos das origens dos homem sabem de cor e salteado o caminho que leva à Serra da Conceição, em Cocais, distrito de Barão de Cocais, e, mais precisamente, ao Sítio Arqueológico Pedra PintadaUm tesouro natural com registros da presença humana na Região Central de Minas datados de 6 mil a 10 mil anosNo rastro dos cientistas, dezenas de estudantes secundaristas e universitários visitam os paredões de pedra para ver, fotografar e tentar entender as mensagens rupestres deixadas pelos primitivos em desenhos sobre rochas.
Os registros arqueológicos resistiram ao tempo e às mutações geológicas e foram catalogados em 1848 pelo paleontólogo dinamarquês Peter Lund, cientista que percorreu grutas de Minas em busca de legados pré-históricosMas a chegada à região do homem moderno com seu caráter desbravador passou a representar risco às nítidas representações de animais e pessoas gravadas por remotos habitantes da América.
Felizmente, para o bem da ciência, uma família se interpôs entre a civilização e a história e preservou a integridade do Sítio Pedra PintadaE de lá não arredou pé, passando a área de geração a geração, sempre disponível a estudos e à visitaçãoQuem conta essa história é a funcionária pública Elizabete Almeida, de 45 anos, em nome da família Diniz, que não tem nada de Diniz, sentada à mesa de madeira na área coberta em frente à sede do sítio arqueológico
“Meus bisavós deixaram este terreno com 17 hectares de herança para os filhosMeu avô materno, José Sérgio dos Reis, também já falecido, que desde a infância era conhecido como José Diniz, comprou as partes dos irmãos e aqui se estabeleceu com minha avó Maria Adelina dos ReisA família mostrou desde então consciência de que tinha em mãos um importante patrimônio culturalEm 1989, José Sérgio, ou José Diniz, recebeu uma comitiva de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que o alertaram também para o potencial turístico do Sítio Serra Pintada.
José Sérgio começou a investir em infraestrutura nos anos 1980Hoje, quem tem a posse da área são José Roberto e Maria dos Reis, pais de Elisabete, e os tios dela José Romualdo e Piedade e Orlando e Nazareth
O acesso é por estreita estrada de terra, a partir de Cocais, que a prefeitura mantém em boas condiçõesA Polícia Militar de Meio Ambiente está atenta a caçadores e desmatadoresNa divulgação, o Sítio Arqueológico Pedra Pintada conta com apoio do sistema Fiemg, que ajudou também em parte da construção da sede, para receber os visitantes, entre os quais turistas e pesquisadores da Europa, Japão e América do Norte e de todas as regiões do Brasil
Diante de uma vista inesquecível, a 1,2 mil metros de altitude, Elisabete mostra, nos paredões, as figuras gravadas com pigmentos de terra: onças, lobo-guará, peixes, veados e outros animaisHá a figura de uma criança e a cena de um partoPesquisadores acreditam que se tratava de um grupo nômade, de caça, de passagem pela regiãoDepois da visita, uma parada na lojinha do sítio, que oferece artesanato, compotas de frutas e mel“Mas o nosso foco principal é o trabalho educacional”, reforça Elizabete, neta de José Diniz, que não era DinizMas isso não tem a menor importância