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Estado de Minas

Empresários do Santo Antônio pressionam contra o abandono de casas tombadas

Eles querem resolver situação caótica em casas tombadas pelo patrimônio municipal e planejam até fechar a entrada de imóveis para barrar depedração


postado em 04/11/2013 06:00 / atualizado em 04/11/2013 07:43

Shirley Pacelli e Tiago de Holanda

Interiores dos imóveis, que já serviram de cenário para o filme O menino maluquinho, estão destruídos(foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press.)
Interiores dos imóveis, que já serviram de cenário para o filme O menino maluquinho, estão destruídos (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press.)

Empresários vizinhos de cinco casas na Rua Congonhas, no Bairro Santo Antônio, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, querem resolver por conta própria a situação deplorável dos imóveis tombados pelo patrimônio municipal e já planejam até fechar a entrada das moradias, entre os números 487 e 511A, já que vidros quebrados, lixo acumulado e um forte odor de fezes humanas compõem o cenário local. “Se até terça-feira os proprietários não tomarem alguma providência, vou fechar todas as entradas”, avisou o empresário Eduardo Ferraz Pereira, proprietário da boate Revista Viva, localizada a poucos metros.

Ontem, Pereira retirou dois moradores de rua de dentro do casarão, no nº 503. “Não dou conta mais. Agora estão tentando arrancar o portão”, desabafou, indignado, ao Estado de Minas. A revolta do empresário em relação à situação dos imóveis é tamanha que ele já planejava fechar as entradas das casas com a ajuda de um pedreiro. A ideia foi abortada, por enquanto, pois seu advogado o alertou de que ele poderia ser denunciado por fazer obras não autorizadas em bens tombados. Pereira afirma que a construtora proprietária dos imóveis foi comunicada do problema e não se manifestou até o momento. De mãos atadas, restou a ele fazer uma denúncia acerca da depredação no Patrimônio Histórico Municipal.

Com um escritório em frente aos casarões, o advogado Francisco Maia conta que nessa semana sua sócia flagrou um homem consumindo crack  em seu portão, em plena luz do dia, por volta das 17h. “A insegurança está grande. Os funcionários têm medo de sair. Está uma vergonha. É preciso tomar providência”, disse. Maria Cecília Alves, servidora pública que mora na Rua Carangola, esquina com Congonhas, afirma que passou a ter medo de sair à noite. “Acho um absurdo que as casas tombadas sejam destruídas dessa forma”, ressaltou.

 

No interior dos imóveis é possível perceber que a depredação em seis meses de abandono foi ainda maior. Na edificação do nº 503, onde chegou-se a abrigar um outlet, as portas de vidro foram quebradas, os interruptores foram arrancados e até o teto de gesso foi destruído para levar as telhas da casa. No nº 495, antigo lounge Club Andaluz, que se integra ao imóvel do nº 487, há restos de comida que atraem moscas, cacos de vidro espalhados pelo chão e o revestimento acústico foi arrancado. Armações de janelas, lâmpadas e seu bocais, vasos sanitários, torneiras e portas também foram furtados.

Com a ajuda de Leandro Pimenta, chef e proprietário do The LAB Gastronomia, na Rua Congonhas, Pereira chegou fazer a limpeza nas entrada das casas, na tentativa de amenizar o odor exalado dos imóveis. O trabalho não adiantou porque, no dia seguinte, o passeio amanheceu sujo novamente. “O que a gente quer é apoio para conseguir revitalizar o local. Se não arrumarmos parceiros, nós mesmos fazemos. Precisamos é que os órgãos responsáveis notifiquem os proprietários. O bairro tem tradição gastronômica e cultural. Não podemos permanecer assim”, reclama Pimenta.

Segundo ele, nos últimos três meses o movimento do restaurante caiu 30%. “Um cliente meu teve o carro arrombado. As pessoas ficam com medo de vir à rua. Alguns estabelecimentos comerciais já foram fechados por causa dessa situação”, explica. Dono de um bar e restaurante vizinho, Oficina de Ideias, Evander Simão diz que seu faturamento teve queda de 40% nos últimos noventa dias. “Esse problema está nos prejudicando. Alguns clientes meus já tiveram os carros arrombados O meu bar foi arrombado duas vezes entre julho e agosto. Eu sei que eles roubam para comprar droga”, aponta Simão.

CENÁRIO
As casas da Rua Congonhas serviram de cenário para a gravação de O menino maluquinho (1995), filme de Helvécio Ratton, baseado na obra do cartunista mineiro Ziraldo. Foi também nesse tradicional quarteirão que o escritor mineiro Guimarães Rosa passou a infância, quando morou em uma casa na esquina das ruas Congonhas e Leopoldina, onde depois funcionou o famoso Bar do Lulu e hoje existe o Butiquim Santo Antônio.

 

Enquanto isso...

…Reunião no
Luiz Estrela

Se no Bairro Santo Antônio imóveis tombados pelo patrimônio municipal estão sendo depredados, no Santa Efigênia, na Região Leste, a realidade é diferente. Jovens de BH transformaram um casarão abandonado há cerca de 30 anos, pelo poder público, no Espaço Comum Luiz Estrela, centro de cultura e arte situado na Rua Manaus. O prédio pertence à Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), que o cedeu à Fundação Educacional Lucas Machado (Feluma), mantenedora da Faculdade de Ciências Médicas. Um abaixo-assinado a favor do espaço está circulando pelas ruas do bairro. Depois de a Polícia Militar tentar e não cumprir reintegração de posse, a pedido da Justiça e reivindicada pela Feluma, foi marcada uma reunião entre o governo de Minas e integrantes do Luiz Estrela amanhã, às 10h. Na quarta-feira, às 9h30, haverá audiência pública na Assembleia Legislativa.


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