Ex-alunos e colegas de departamento do professor do curso de ciências sociais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Francisco Coelho dos Santos, que é investigado por assédio moral e sexual contra estudantes, entregaram um manifesto de apoio ao docente à Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich). Os colegas de Santos afirmam que as denúncias contra ele são "exageradas" e "repugnantes". Uma comissão formada por professores e um aluno tem até 22 de novembro para apresentar o resultado da apuração. No entanto, caso seja necessário, poderá ser solicitada uma prorrogação para 23 de dezembro.
As denúncias contra o professor, que está afastado, vieram à tona em 10 de outubro. Ele é acusado de desrespeitar alunos durante as aulas, especialmente mulheres. Uma jovem de 19 anos, a última a se manifestar antes das investigações, diz que o questionou sobre o conteúdo da aula e ouviu a seguinte resposta, segundo ela: "Acho você uma mulher atraente e quero conversar com você na horizontal".
O documento de apoio ao professor foi entregue na tarde desta segunda-feira na diretoria da Fafich. Ao todo, 40 pessoas assinaram a nota, entre ex-alunos e colegas de departamento de Francisco.
Os colegas criticam a forma com que o professor foi tratado por alunos nas redes sociais. "Resolvemos manifestar neste momento que a imagem dele está sendo alvo por uma série de mal-entendidos. É uma questão que fere a carreira do profissional. O que deixou a gente estarrecido é que em dois dias o Francisco foi praticamente condenado nas redes sociais, sem que tenha o direito de colocar as suas opiniões e de se manifestar", criticou.
Quando o caso veio à tona, o professor Francisco Coelho enviou carta na qual pede desculpas caso suas declarações tenham sido consideradas ofensivas. Em entrevista ao Estado de Minas em 22 de outubro, ele disse que aceitou o afastamento até a conclusão da sindicância e que não teve a intenção de prejudicar ou ofender qualquer aluno.
"Nós, alunos, ex-alunos, assim como professores e funcionários técnico-administrativos, colegas e amigos do professor Francisco Coelho dos Santos, reconhecemos a importância e a legitimidade das causas igualitárias que sustentam as discussões sobre machismo e sexismo, mas repudiamos veementemente as distorções e os excessos a ele dirigidos a partir do dia 10 de outubro de 2013, com efeitos nefastos à imagem e à dignidade dele. Oferecemos nosso testemunho da importância acadêmica que a atividade docente por ele exercida na UFMG representa para a formação de centenas de alunos em nível de graduação, mestrado e doutorado. Nessas condições firmamos nosso decidido apoio ao professor, ao seu livre exercício profissional e à continuidade da sua atividade docente".