Jornal Estado de Minas

Execução em horário de movimento provoca terror no entorno do Fórum Lafayette

Assassino diz que cometeu crime porque vítima ameaçava sua família

Jorge Macedo - especial para o EM
Pedro Ferreira e Felipe Canedo

- Foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press

A execução de Raphael Henrique Zerlotini Gomes em uma das áreas mais movimentadas de Belo Horizonte, no Bairro Barro Preto, polo de moda na Região Centro-Sul da capital, provocou correria e pânico entre frequentadores do Fórum Lafayette, vizinhos e pessoas que passavam pela Avenida Augusto de Lima no momento do crimeA advogada Sandra Trevizani, de 48 anos, conta que deixava o Fórum Lafayette quando a vítima passou por ela nas escadarias e entrou em um táxi“Um rapaz que caminhava pela avenida no sentido Centro se aproximou do táxi e disparou vários tiros dentro do carroA avenida estava lotada de pedestres, com muita gente chegando e saindo do fórumHouve pânicoMuitas pessoas corriam para dentro do fórum aos berrosUma senhora chorava muito”, relatou

Outras testemunhas disseram que o atirador chegou a apoiar o braço na janela do táxi para dispararA vítima desceu do veículo, saiu correndo por 50 metros e caiu no canteiro central da avenidaSeguranças do Fórum Lafayette contaram que antes do crime já havia um estado de alerta no local, diante da suspeita de uma tentativa de resgate de presosDe acordo com eles, alguns homens foram vistos entrando e saindo com frequência do prédio
“Os que entraram aqui passaram pelo detector de metal e não foram encontradas armasMesmo assim, os portões da Augusto de Lima foram fechados, ficando apenas uma passagem abertaQuando ocorreu o tiroteio, várias pessoas entraram correndo no prédio”, contou um vigilante.

O funcionário de um estacionamento em frente ao fórum conta que um homem entrou correndo para se esconder entre os carros“Eu disse que ele não podia entrar e ele me ignorou, me olhou com a cara assustada e se escondeuLogo em seguida, vários policiais vieram correndo atrásFiquei com muito medoEu não sabia o que estava acontecendo”, disse o funcionário, que pediu para não ser identificadoEle conta que trabalha no local há 20 anos e que nunca havia presenciado situação semelhante“Já vi muitos atropelamentos, briga de trânsito, mas gente matando nunca tinha visto”, disse a testemunha

CONFISSÃO Diego Marques Moreira, de 22 anos, confessou o assassinato de Raphael Gomes no Departamento de Investigações (DI), para onde foi levado e autuado em flagrante por homicídio
O executor disse que tinha uma rixa com Raphael, por ele ter matado um primo seu de nome Yorran, e acrescentou que a vítima o ameaçava e a toda a sua família de morte“Ele colocou a arma na cara da minha mãeDisse que iria me matar e a toda a minha famíliaEra ele ou eu”, disse o acusadoEle conta que comprou a pistola 765 usada no crime por R$ 2 mil, há cerca de dois meses, quando começou a planejar o homicídio“Eu sabia que o Raphael ia ser ouvido na audiência do fórum e fiquei esperando ele sair”, confessou.

O assassino confesso disse que Raphael tinha um “desarranjo” com o pessoal do seu bairroAlém do executor, três rapazes, amigos de Raphael, foram detidos e ouvidos como testemunhas, mas também serão investigados.

 Insegurança na
 rotina de fóruns


Não é de hoje que a segurança no entorno dos fóruns do estado preocupa cidadãos, advogados e magistrados mineirosReportagens publicadas pelo Estado de Minas em dezembro de 2011 e julho de 2012 mostraram como é fácil entrar nas unidades de Belo Horizonte, de Contagem e de Ribeirão das Neves portando uma faca, por exemploNas duas ocasiões, repórteres entraram no Fórum Lafayette e, mesmo com o alarme do detector de metal sendo disparado, não foram barrados pela segurança

O risco dessa situação fica evidente em episódios como o ocorrido em janeiro deste ano, quando um homem esfaqueou a mulher no momento em que o casal caminhava para uma audiência de separação, na antessala do Fórum de Itaúna, na Região Central do estadoDiante de ocorrências como essa, resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a Lei federal 12.694/12 tratam do tema e autorizam tribunais e prédios da Justiça a reforçarem seus sistemas de segurança

Mas as medidas não foram suficientes para impedir que, no carnaval deste ano, o Fórum de Itabira fosse apedrejado e pichadoEm janeiro de 2012, o Fórum de Nova Serrana também foi alvo de ataque, ao ser invadido por criminosos armados que atearam fogo em mais de 500 processos da Vara Criminal

Em dezembro de 2010, o gabinete da juíza Marcela Decat também foi incendiado, em Taiobeiras, na Região Norte de Minas, depois que ela reabriu um processo criminalEm outro episódio relacionado à segurança nos fóruns, em outubro de 2010 um vigia da unidade de Contagem foi morto a tiros por criminosos que queriam roubar armas guardadas no prédio.

Negada liberdade a Acusado de matar repórter

A Justiça negou o pedido de relaxamento de prisão do policial civil Lúcio Lírio Leal, de 22 anos, acusado da morte do jornalista Rodrigo Neto Faria, de 38, em marçoA decisão do juiz Antônio Augusto Calaes de Oliveira, da 2ª Vara Criminal de Ipatinga, no Vale do Rio Doce, saiu no dia 8 e deve ser publicada hoje no diário oficial do estado (Minas Gerais)Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, está marcada para 9 de dezembro audiência de instrução e julgamento do casoLúcio está preso na Casa de Custódia do Policial Civil, no Bairro Horto, Leste de BHAs investigações indicaram que ele agiu em parceria com outro policial, Alessandro Neves Augusto, o Pitote, de 31, acusado de executar o repórter a tiros, que também está preso.