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Estado de Minas

Execução em horário de movimento provoca terror no entorno do Fórum Lafayette

Assassino diz que cometeu crime porque vítima ameaçava sua família


postado em 13/11/2013 00:12 / atualizado em 13/11/2013 07:26

Pedro Ferreira e Felipe Canedo

(foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press)
(foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press)

A execução de Raphael Henrique Zerlotini Gomes em uma das áreas mais movimentadas de Belo Horizonte, no Bairro Barro Preto, polo de moda na Região Centro-Sul da capital, provocou correria e pânico entre frequentadores do Fórum Lafayette, vizinhos e pessoas que passavam pela Avenida Augusto de Lima no momento do crime. A advogada Sandra Trevizani, de 48 anos, conta que deixava o Fórum Lafayette quando a vítima passou por ela nas escadarias e entrou em um táxi. “Um rapaz que caminhava pela avenida no sentido Centro se aproximou do táxi e disparou vários tiros dentro do carro. A avenida estava lotada de pedestres, com muita gente chegando e saindo do fórum. Houve pânico. Muitas pessoas corriam para dentro do fórum aos berros. Uma senhora chorava muito”, relatou.

Outras testemunhas disseram que o atirador chegou a apoiar o braço na janela do táxi para disparar. A vítima desceu do veículo, saiu correndo por 50 metros e caiu no canteiro central da avenida. Seguranças do Fórum Lafayette contaram que antes do crime já havia um estado de alerta no local, diante da suspeita de uma tentativa de resgate de presos. De acordo com eles, alguns homens foram vistos entrando e saindo com frequência do prédio. “Os que entraram aqui passaram pelo detector de metal e não foram encontradas armas. Mesmo assim, os portões da Augusto de Lima foram fechados, ficando apenas uma passagem aberta. Quando ocorreu o tiroteio, várias pessoas entraram correndo no prédio”, contou um vigilante.

O funcionário de um estacionamento em frente ao fórum conta que um homem entrou correndo para se esconder entre os carros. “Eu disse que ele não podia entrar e ele me ignorou, me olhou com a cara assustada e se escondeu. Logo em seguida, vários policiais vieram correndo atrás. Fiquei com muito medo. Eu não sabia o que estava acontecendo”, disse o funcionário, que pediu para não ser identificado. Ele conta que trabalha no local há 20 anos e que nunca havia presenciado situação semelhante. “Já vi muitos atropelamentos, briga de trânsito, mas gente matando nunca tinha visto”, disse a testemunha.

CONFISSÃO Diego Marques Moreira, de 22 anos, confessou o assassinato de Raphael Gomes no Departamento de Investigações (DI), para onde foi levado e autuado em flagrante por homicídio. O executor disse que tinha uma rixa com Raphael, por ele ter matado um primo seu de nome Yorran, e acrescentou que a vítima o ameaçava e a toda a sua família de morte. “Ele colocou a arma na cara da minha mãe. Disse que iria me matar e a toda a minha família. Era ele ou eu”, disse o acusado. Ele conta que comprou a pistola 765 usada no crime por R$ 2 mil, há cerca de dois meses, quando começou a planejar o homicídio. “Eu sabia que o Raphael ia ser ouvido na audiência do fórum e fiquei esperando ele sair”, confessou.

O assassino confesso disse que Raphael tinha um “desarranjo” com o pessoal do seu bairro. Além do executor, três rapazes, amigos de Raphael, foram detidos e ouvidos como testemunhas, mas também serão investigados.

 Insegurança na
 rotina de fóruns


Não é de hoje que a segurança no entorno dos fóruns do estado preocupa cidadãos, advogados e magistrados mineiros. Reportagens publicadas pelo Estado de Minas em dezembro de 2011 e julho de 2012 mostraram como é fácil entrar nas unidades de Belo Horizonte, de Contagem e de Ribeirão das Neves portando uma faca, por exemplo. Nas duas ocasiões, repórteres entraram no Fórum Lafayette e, mesmo com o alarme do detector de metal sendo disparado, não foram barrados pela segurança.

O risco dessa situação fica evidente em episódios como o ocorrido em janeiro deste ano, quando um homem esfaqueou a mulher no momento em que o casal caminhava para uma audiência de separação, na antessala do Fórum de Itaúna, na Região Central do estado. Diante de ocorrências como essa, resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a Lei federal 12.694/12 tratam do tema e autorizam tribunais e prédios da Justiça a reforçarem seus sistemas de segurança.

Mas as medidas não foram suficientes para impedir que, no carnaval deste ano, o Fórum de Itabira fosse apedrejado e pichado. Em janeiro de 2012, o Fórum de Nova Serrana também foi alvo de ataque, ao ser invadido por criminosos armados que atearam fogo em mais de 500 processos da Vara Criminal.

Em dezembro de 2010, o gabinete da juíza Marcela Decat também foi incendiado, em Taiobeiras, na Região Norte de Minas, depois que ela reabriu um processo criminal. Em outro episódio relacionado à segurança nos fóruns, em outubro de 2010 um vigia da unidade de Contagem foi morto a tiros por criminosos que queriam roubar armas guardadas no prédio.

Negada liberdade a Acusado de matar repórter

A Justiça negou o pedido de relaxamento de prisão do policial civil Lúcio Lírio Leal, de 22 anos, acusado da morte do jornalista Rodrigo Neto Faria, de 38, em março. A decisão do juiz Antônio Augusto Calaes de Oliveira, da 2ª Vara Criminal de Ipatinga, no Vale do Rio Doce, saiu no dia 8 e deve ser publicada hoje no diário oficial do estado (Minas Gerais). Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, está marcada para 9 de dezembro audiência de instrução e julgamento do caso. Lúcio está preso na Casa de Custódia do Policial Civil, no Bairro Horto, Leste de BH. As investigações indicaram que ele agiu em parceria com outro policial, Alessandro Neves Augusto, o Pitote, de 31, acusado de executar o repórter a tiros, que também está preso.   


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