Mais de 20 pessoas viveram ontem momentos de pânico a bordo de uma van Renault Master que fazia transporte clandestino de passageiros no Bairro Coração Eucarístico, na Região Noroeste de BH, no início da noite de terça-feira. Ao perceber uma blitz da Operação Transporte Seguro, feita pela BHTrans e pela Polícia Militar, o perueiro Islander Ferreira Alves Caldeira, de 19 anos, fugiu em alta velocidade pela avenida Cícero Ildefonso (antiga Avenida Delta). Cercado, ele jogou o veículo no canteiro central e ameaçou entrar na contramão, em direção ao Anel Rodoviário.
Segundo o agente Batista, da BHTrans, que participava da blitz, ao ver que o trânsito estava congestionado na outra via, o perueiro deu meia-volta. “Ao fazer isso, duas passageiras que tentavam descer caíram no asfalto. Foi horrível. Nem assim o homem parou”, disse. Diante da resistência do motorista, o sargento Sinis, que acompanhava a equipe da BHTrans, sacou a arma e tentou parar o carro. “Ele gritou ‘pare, pare’ e apontou a arma em direção à van, mas não podia atirar porque o carro estava cheio de gente”, relatou o fiscal da BHTRans.
Mesmo assim, o perueiro insistiu e jogou o veículo sobre o policial. Em vez de se intimidar pelo PM, o perueiro foi com a van para cima do sargento Sinis, que tentou pular para não ser atingido, mas desequilibrou-se para trás e acabou atirando na sua perna direita. Ele foi levado por outros policiais para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII.
Enquanto isso, policiais do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) perseguiam o perueiro, que conseguiu escapar com a van lotada de passageiros. “A maioria da população defende os perueiros como trabalhadores, mas ele não é perueiro, é um bandido ao volante”, afirmou o agente da BHTrans na chegada ao HPS, com as mãos ainda trêmulas.
Na porta do João XXIII formou-se aglomeração de agentes da PM, BPTran e BHTrans aguardando informações sobre o colega, que passava por raios X e estava bem, em condições de conversar. Para a coronel Cláudia Romualdo, comandante do Policiamento da Capital, que esteve no hospital, o sargento agiu corretamente. “Quando se sinaliza para que o condutor pare, o que se espera é que ele cumpra a ordem. É óbvio que ele estava com algo errado”, comentou.