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Estado de Minas

Católicos temem que chuvas causem mais danos a santuário de Ouro Preto

Obra do século 18 está fechada à espera de obras do PAC prometidas desde 2009. Por falta de segurança, festa da padroeira é transferida


postado em 14/11/2013 06:00 / atualizado em 14/11/2013 06:41

Com estrutura ameaçada, Matriz de Nossa Senhora da Conceição abriga acervo barroco e túmulo de Aleijadinho(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press - 14/2/13)
Com estrutura ameaçada, Matriz de Nossa Senhora da Conceição abriga acervo barroco e túmulo de Aleijadinho (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press - 14/2/13)


Uma das primeiras igrejas de Ouro Preto, na Região Central de Minas, o Santuário de Nossa Senhora da Conceição está com a estrutura comprometida. A comunidade católica teme que chuvas afetem a construção do século 18, com a destruição da cobertura e ameaça ao acervo artístico que tem peças de Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1730–1814) e abriga os túmulos dele e do seu pai, o português Manuel Francisco Lisboa.

Nesta semana, que dá início à programação do bicentenário da morte de Aleijadinho, a paróquia chama a atenção para a situação da matriz, interditada desde fevereiro. Incluído na lista dos bens contemplados pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas, do governo federal, o monumento ainda não viu a cor do dinheiro e representa uma chaga no patrimônio erguido pelo mestre do barroco.

Uma das tristezas dos moradores é que neste ano a festa da Nossa Senhora da Conceição, tradição em 8 de dezembro, não poderá ser realizada, por falta de segurança, na matriz dedicada a ela, informa a historiadora Sidnéa Santos, coordenadora do Museu Aleijadinho, integrado pelo santuário e igrejas São Francisco de Assis da Penitência e Nossa Senhora das Mercês e Perdões. “O salão paroquial, desde a interdição do templo pelo cônego Luiz Carlos César Ferreira Carneiro, com base num laudo de engenharia, se tornou espaço para as celebrações religiosas”, conta a historiadora, destacando que as festividades do dia 8 serão na Igreja de Nossa Senhora das Mercês e Perdões, a ser reaberta dia 28, depois de obras de restauro.

ATRASO A coordenadora do Museu Aleijadinho conta que em abril houve a promessa de escoramento da matriz pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) – que elaborou um laudo para o fechamento e é responsável pelo tombamento desde 1939 –, governo de Minas e prefeitura. Segundo Sidnéa, o prazo dado foi de 30 dias, mas até hoje nada foi feito. “Cada vez que chove, ficamos com mais medo, pois há risco iminente de o telhado desabar. A igreja não está abandonada, pois o monitoramento é constante, mas ninguém pode entrar lá”, afirmou.

O PAC das Cidades Históricas foi anunciado em 2009, na Praça Tiradentes, pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e ganhou nova divulgação, em agosto, pela presidente Dilma Rousseff, dessa vez em São João del-Rei. Segundo a Secretaria de Estado da Cultura, o templo só pode receber intervenção do Iphan, por ter tombamento federal. O secretário de Cultura e Patrimônio de Ouro Preto, José Alberto Pinheiro, garante que desta vez todas os projetos de restauro sairão do papel. “A obra da matriz será licitada”, disse o secretário.

Nova promessa para janeiro


O arquiteto João Carlos Cruz de Oliveira, chefe do Iphan em Ouro Preto, tranquiliza a comunidade, esclarecendo que o projeto de restauro será feito para início das intervenções em janeiro. “Os recursos de R$ 6,5 milhões são do PAC, mas toda a obra será administrada pelo Iphan”, explicou. O serviço deverá durar dois anos e os problemas mais graves estão no telhado da nave e no forro da capela-mor. Ouro Preto é uma das oito cidades mineiras que vão receber recursos do PAC das Cidades Históricas, estando reservados, para antiga Vila Rica, R$ 37 milhões, que vão contemplar 55 bens culturais.

Em fevereiro, o Estado de Minas mostrou a situação precária da matriz. O fechamento foi determinado pelo cônego Luiz Carlos depois de a vistoria contratada pela paróquia e feita em 30 de janeiro apontar risco de desabamento de toda a estrutura do forro e do telhado. Na época, a decisão foi tomada à revelia do Iphan e foi motivada também pela demora em iniciar o restauro. Entre os principais problemas da igreja, datada de 1727, está o comprometimento da estabilidade do telhado devido à perda de encaixes da estrutura e deterioração de peças de madeira causada por fungos e cupins.

A matriz recebeu título de santuário em 2005 por determinação do papa Bento XVI. O templo tem origem em 1699, pelas mãos do bandeirante Antônio Dias, que decidiu construir uma capela. O crescimento da população do primitivo arraial de Antônio Dias, que em 1711 passou a fazer parte da recém-criada Vila Rica, exigiu a construção de um novo templo, e assim, em 1727, foi iniciada a edificação da atual matriz de Antônio Dias, cujo projeto é atribuído a Manuel Francisco Lisboa, pai de Aleijadinho. Para especialistas, não é possível fazer uma cronologia do templo devido à perda de documentos.

Enquanto isso...

… A ARTE DE ALEIJADINHO

Antecipando-se à abertura da programação do bicentenário da morte de Antonio Francisco Lisboa, que será na segunda-feira, Ouro Preto realiza 36ª Semana do Aleijadinho, com debates, palestras, exposições, apresentação de vídeos e oficinas. A promoção é do Museu Aleijadinho, em parceria com instituições públicas e privadas. Hoje, às 14h, haverá a oficina Saberes e fazeres – A arte colonial da Igreja de São Francisco de Assis. Amanhã, às 9h30, no espaço da Fiemg, na Praça Tiradentes, haverá mesa-redonda com as professoras Adalgisa Arantes Campos, da UFMG, Selma Melo Miranda (PUC Minas) e o restaurador Antônio Fernando Batista dos Santos, do Centro de Conservação e Restauração (Cecor/UFMG). Às 15h, será a vez da conferência “O Aleijadinho e o santuário de Congonhas”, pela professora Myriam Andrade Ribeiro Oliveira.


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