Jornal Estado de Minas

Dengue tipo 4 avança na capital mineira

Número de casos da doença em BH passa de 95 mil até outubro, dobro do registrado em todo o ano de 2010, um recorde desde 2008, com perspectiva desanimadora para 2014

Sandra Kiefer - Especial para o EM
Lotes vagos sujos colaboram para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença - Foto: Leandro Couri/EM/D.A Press

 

A combinação de calor intenso, pancadas de chuva e o acúmulo de lixo em diversos pontos poderá agravar a proliferação de focos do mosquito da dengue em Belo HorizonteA capital enfrenta a pior epidemia da doença dos últimos cinco anosSegundo dados divulgados ontem pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), foram confirmados mais de 95 mil casos entre janeiro e outubroÉ quase o dobro do total confirmado em 2010, que até então havia sido o recorde, com 52 mil doentes

O prognóstico não é dos melhores, de acordo com a medição do Levantamento do Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa)Em relação a outubro do ano passado, ocorreu ligeira alta de 0,5% para 0,7% do índice das casas pesquisadas que contam com a presença do mosquito da dengueO índice de 1% é considerado de baixo risco para ocorrência de epidemia, segundo o Ministério da Saúde“Apesar da alta, conseguimos reduzir o índice em alguns locais, como no distrito sanitário Noroeste, que chegou a atingir 3,5% em 2010 e, este ano, não ultrapassou 2,5%”, comparou.

“Muita gente está de olho para eliminar os criadouros do mosquito, mas de maneira geral ainda não caiu a ficha da população”, alertou a médica Maria Tereza da Costa Oliveira, gerente de Vigilância em Saúde e Informação da Secretaria de SaúdeSegundo ela, a principal razão para o aumento da contaminação pela doença este ano foi a chegada do vírus do tipo 4, responsável por dois terços dos casos registrados

A médica alerta que não se pode descuidar da prevenção, já que boa parte da população ainda não foi infectada e, portanto, não está imunizada contra a dengueEm cinco anos, o total é de 160 mil casos registrados

Para cada caso confirmado, é feita a previsão de quatro subnotificações da epidemia, o que resultaria em 600 mil infectados pelo Aedes aegypti no períodoA proporção seria, portanto, de cerca de um quarto da população de BH já contaminada pela dengue

Como não existe vacina contra a doença, a única ação efetiva é acabar com o lixoSegundo a SMS, 90% dos focos foram identificados em casas“São aqueles benditos pratinhos nos vasos de plantas, a água parada sobre a lona da piscina, o vaso sanitário dos banheiros sem usoÉ preciso vestir a camisa contra a dengue”, completou.

- Foto: ARTE EM