Conhecer lugares onde são maiores os riscos de acidente em Belo Horizonte é especialmente importante quando se constata que o número de internações de vítimas do trânsito na capital neste ano supera com folga os registros dos últimos três anos, de acordo com o Sistema Único de SaúdeEm BH, entre janeiro e agosto de 2013 4.435 internações foram motivadas por batidas, capotamentos, atropelamentos e outros tipos de desastresO índice é 14% superior ao do mesmo período do ano passado, quando houve 3.884 internações pelos mesmos motivos nos hospitais públicos, e está 28% acima da média dos últimos três anos, de 3.467 casos
A Avenida Cristiano Machado e o Anel Rodoviário de BH, campeões de acidentes na cidade, são também as vias onde o desafio aos limites de velocidade se mostrou um perigo mais presenteNa Cristiano Machado, a velocidade máxima permitida é de 60 km/hNo trecho após o cruzamento com a Rua Jacuí, no Bairro União, Nordeste de BH, em cinco minutos de medição, a passagem de 54 veículos teve velocidade média de 72 km/h, ou 20% acima do permitido, em área fora do alcance dos radares fixos.
Embora as estatísticas oficiais sobre acidentes na capital estejam dois anos defasadas, dados fornecidos pelo Detran mostram que só em 2011 houve 947 acidentes na Cristiano MachadoMotoristas, passageiros e pedestres que precisam passar pelo corredor enfrentam diversos perigos
A composição do tráfego da Cristiano Machado torna ainda mais perigoso o abuso de velocidadeEntre ônibus e carros circulando a 82 km/h, o EM flagrou cinco carroças de entulho puxadas por cavalos fazendo zigue-zague para desviar dos veículos, principalmente quando encontravam ônibus parados em pontos.
Tantos problemas afugentam condutores que podem mudar de caminho para não correr tantos riscos“Se posso evitar, não passo pela Cristiano MachadoO trânsito aqui é caótico e temos de nos preocupar com motocilcetas e carroceiros que aparecem de repenteJá vi muita gente sofrendo e sendo atendida pelo Samu e os bombeirosMas a gente precisa trabalhar e por isso tem de passar aqui às vezes”, afirma o funcionário público Daniel de Paula, de 29 anos.
No Anel Rodoviário, na altura do viaduto da Avenida Carlos Luz, no Bairro Caiçaras, Noroeste de BH, o limite de velocidade é de 80km/h para veículos leves e 60km/h para os demaisContudo, medição feita pela reportagem registrou velocidade média de 88km/h, ou 10% superior à máxima permitidaO risco de se envolver em acidente em um tráfego com esse ritmo chega a ser 30% maior que em outras vias, e o de desastres fatais, 50% superior, pela fórmula da OMSMas foram flagrados abusos ainda maiores nas pistas, com caminhoneiros trafegando acima de 100km/h.
Para piorar, o tráfego acelerado de veículos pela via que corta a capital enfrenta vários gargalos
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A EQUAÇÃO DO PERIGO
A Organização Mundial da Saúde chegou à fórmula que relaciona risco de acidentes e de mortes ao aumento da velocidade por meio de cálculos baseados em relatórios de ocorrências de trânsito enviados por todo o mundo e compilados em 2004Pela equação, quando se ultrapassa em 1% o limite de velocidade em uma via, os riscos médios sobem 3% e o perigo de morte cresce até 5%“A alta velocidade e o álcool são os dois componentes de acidentes mais exaustivamente estudados pela OMS”, informou o escritório brasileiro da entidadePor meio da fórmula, a OMS chama a atenção para o Dia Mundial em Memória das Vítimas do Trânsito, que ocorre a cada terceiro domingo de novembroA data foi oficializada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em outubro de 2005 e tem como objetivo evidenciar o grande número de lesões e óbitos decorrentes do tráfego, seu grande impacto na saúde pública e a necessidade de se adotarem medidas em relação a essa tragédia.