A ocorrência de trotes violentos e preconceituosos na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) foi tema de uma audiência pública na manhã desta segunda-feira na Faculdade de Direito da instituição. A reunião aconteceu a pedido do Ministério Público Federal (MPF), que vai analisar as propostas apresentadas hoje por diversos representantes da comunidade universitária. Para o órgão, as campanhas desenvolvidas até agora, como o trote solidário, não têm sido suficientes.
O procurador Regional dos Direitos do Cidadão, Edmundo Antônio Dias Netto Júnior, convocou a audiência como parte de um inquérito civil instaurado em 2010. Em fevereiro do ano seguinte, o MPF expediu recomendações para que a universidade pudesse minimizar os efeitos do trote, como a realização de campanhas, a implementação do trote solidário, punição disciplinar e divulgação do local e horário do evento. No entanto, em 2013, o trote apareceu mais preconceituoso e racista.
O Ministério Público Federal estava se referindo ao caso que aconteceu em 15 de março deste ano, dentro da Faculdade de Direito. Duas fotos foram publicadas na internet e revoltaram a população. Nelas, um calouro aparece amarrado a uma pilastra, enquanto três rapazes erguem o braço direito em uma possível referência à saudação nazista. Um deles ostenta um bigode parecido com o do ditador Adolf Hitler.
Também participaram da audiência representantes do Diretório Central dos Estudantes (DCE), o vice-diretor do Centro Acadêmico Afonso Pena, Leonardo Custódio, o professor Hermes Vilches Guerrero, professor que presidiu a sindicância sobre o trote de março, além do coordenador do Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania GLBT, Marco Aurélio Prado, a coordenadora do Núcleo Conexões e Saberes da UFMG, Claudia Mayorga, e o coordenador do Programa de Ações Afirmativas da UFMG, Edmilson de Jesus. Alguns dos participantes disseram que a UFMG ainda trata de forma silenciosa os atos de preconceito que acontecem na instituição e defenderam a extinção dos trotes. Ao final da audiência, foi decidido que o MPF vai analisar as propostas que foram feitas e agendar uma nova reunião com a reitoria para discutir quais medidas podem ser tomadas.