Da forma como está, o projeto de duplicação da Rodovia da Morte, a BR-381, entre Belo Horizonte e Governador Valadares não atenderá as necessidades de segurança e já surgirá perto da capacidade máxima de tráfego. A avaliação é de levantamento do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG), que apresentou ontem um mapeamento dos principais gargalos de infraestrutura do estado. No caso da BR-381, a entidade considera, com grande preocupação, que o novo projeto de duplicação mal vai comportar a demanda atual, persistindo a falta de planejamento a médio e longo prazo.
A pesquisa, feita por engenheiros de 12 regionais do Crea-MG, indica ser fundamental um reestudo de tráfego na rodovia, para evitar que o alto custo da duplicação (R$ 4 bilhões) não venha a atender a demanda de médio prazo. Pelo mapeamento, há necessidade de investimentos em 67 rodovias mineiras. Outro ponto crítico diz respeito à defesa civil e à prevenção a desastres causados por chuvas em várias rodovias do estado.
Segundo os profissionais, o projeto não articula com as cidades do entorno para eliminar trajetos dentro de áreas urbanas e não foi feito estudo para extensão de melhorias até São Mateus (ES). Eles apontam ainda a necessidade de se desvincular a BR-381 da BR-262, já que as duas seguem num só pavimento até João Monlevade. Foi determinada a inclusão de um semianel rodoviário em Jaguaraçu, ligando a MG-232 (Santana do Paraíso) e a BR-458. Alças de acesso às cidades de Timóteo e Coronel Fabriciano trariam redução de acidentes e melhor organização do tráfego.
Na análise do Crea-MG, os investimentos deveriam contemplar também operações ferroviárias, reduzindo o escoamento da produção por rodovias. “Da forma atual, o Vale do Aço está isolado. A única ferrovia no local atende apenas interesses de uma mineradora. Duas siderúrgicas não conseguem atender prazos e têm de usar a BR-381 como meio de escoamento”, salienta o presidente do Crea-MG, Jobson Andrade.
GARGALOS
Engenheiros consideraram crítica a situação da BR-474 (Aimorés/Caratinga). No km 3 há queda de barranco, que pôe a pista em risco de interdição e interrupção do fornecimento de água para Caratinga devido ao rompimento de uma adutora. Especialistas regionais do Crea-MG identificaram a necessidade de construir anéis viários e acessos duplicados nas BRs 116 (Governador Valadares, Teófilo Otoni e Além Paraíba), 262 (Bom Despacho e Divinópolis), 459 (Itajubá, Piranguçu e Piranguinho), 491 (Pouso Alegre e Itajubá), 120 (Ubá e Cataguases) e MG-439 (Pains). O ouvidor-geral do estado, Fábio Caldeira, disse que as rodovias estaduais citadas tiveram os diagnósticos encaminhados. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) não se manifestou.
ENQUANTO ISSO.....PRF TESTA NOVO RADAR
Um novo radar de registro de velocidade com alcance de até um quilômetro foi testado ontem, pela primeira vez no país, na BR-381, no Sul de Minas, pela Polícia Rodoviária Federal. Equipamentos convencionais têm alcance em torno de 300 metros, o que obrigava o policial a ficar visível, possibilitando infratores reduzir a velocidade. O radar é fabricado nos Estados Unidos e custa cerca de R$ 30 mil. Nesse teste, de 30 minutos, 20 motoristas foram multados.