O skinhead Antônio Donato Baudson Peret, de 25 anos, sentará no banco dos réus na próxima segunda-feira, no prédio da Justiça Federal, na Avenida Álvares Cabral, Bairro Santo Agostinho, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Ele vai participar de uma audiência de instrução. O jovem ficou conhecido após postar uma foto no Facebook em que aparecia enforcando um morador de rua na Savassi, usando uma corrente de ferro. Ele ficou preso 192 dias e deixou a Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, em 23 de outubro depois que a Justiça Federal concedeu a liberdade provisória.
Outros dois integrantes do grupo, Marcus Vinícius Garcia Cunha, de 26 anos, e João Matheus Vetter de Moura, de 20, que chegaram a ser presos, também vão participar da audiência. De acordo com a assessoria de comunicação da Justiça Federal, possivelmente os réus não serão ouvidas na segunda-feira, já que há algumas cartas precatórias expedidas para ouvir testemunhas em outras cidades.
Souza ainda tenta encontrar o morador de rua que aparece na foto sendo enforcado por Donato. "Isso (a foto) foi uma brincadeira. Quem divulgou a imagem não foi o Donato. Ele tinha uma relação com o Marcos Cunha de irmão. Então, o Marcos cunha tinha acesso a senha dele do Facebook”, explica o defensor.
Desde que saiu da cadeia, Donato vem cumprindo todas as determinações da Justiça. “Ele se apresentou hoje (quarta-feira) levando o visto de trabalho e confirmou o endereço. Essa é uma das determinações, que é se apresentar mensalmente. Ele é noivo e tem uma vida social normal. Voltou a trabalhar como freelancer na área de publicidade com o padrasto dele”, disse o defensor.
Donato foi preso em abril sob acusação de racismo e formação de quadrilha. Ele começou a ser investigado depois que circulou na internet a foto que o mostrava enforcando um mendigo. Ao ser preso, ele se referiu à fotografia como “uma brincadeira infeliz” e garantiu que o homem acorrentado sabia que era uma encenação. “Não tenho preconceito por ninguém. Não faço parte de movimento nenhum. Só acredito numa coisa: a liberdade de um acaba quando começa a do outro”, afirmou ao ser apresentado à imprensa na época.
No mês em que Donato foi preso o Estado de Minas apurou junto à Polícia Militar que o rapaz se envolveu em pelo menos dez ocorrências, entre embriaguez ao volante, agressão, lesão corporal e ameaça. No estado, ele responde ainda a três processos por agredir homossexuais. Em São Paulo, são duas ocorrências por lesão corporal. Lá, em 2011, ele chegou a ser preso com Artur Ruda Gomes Fonseca, de 20, depois de terem agredido um grupo de 11 skatistas na Avenida Paulista, nos Jardins, conforme informou a a Delegacia de Crimes Raciais de São Paulo.