A uma semana do início do censo de moradores de rua da capital, a prefeitura selecionou ontem 19 mendigos que vão ajudar a abrir caminho para pesquisadoresEles foram indicados pela Pastoral de Rua da Arquidiocese de Belo Horizonte por conhecerem os locais de concentração das famílias e terem facilidade na abordagem.
Os 150 recenseadores, em sua maioria estudantes e funcionários da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foram definidos ontemEles vão receber R$ 400 cada um para aplicar questionários nas nove regionais da capital, mas antes passarão por treinamento amanhãA expectativa é de que um relatório preliminar seja divulgado na primeira quinzena de janeiro, isso é, dentro de cerca de 50 dias.
Após o trabalho de campo, o coordenador do projeto, o professor Frederico Duarte Garcia, do Departamento de Psiquiatria da UFMG, tem prazo de seis meses para apresentar todos os resultadosO contrato com a universidade é de R$ 166 mil e foi assinado na segunda feira.
Segundo Frederico Garcia, no treinamento os recenseadores receberão orientações sobre os objetivos da pesquisa e técnicas de entrevistasOs 150 selecionados serão divididos em 20 equipes, todas acompanhadas por moradores de rua, que também serão remunerados“Eles têm uma certa abertura com os moradores de rua e vão ajudar nessa abordagemÉ uma forma de relações públicas, eles conhecem os lugares”, explica o professor.
Pastoral
Os trajetos a serem percorridos pelos recenseadores já foram traçados pela prefeituraAlém das ruas, serão visitados pelos pesquisadores albergues, abrigos e hospitaisO prazo curto para a pesquisa se deve à migração constante da população de ruaMesmo que o sistema informatizado da UFMG exclua os entrevistados duas vezes, o período de um dia foi definido para evitar a necessidade de recontagem.
O Comitê de Acompanhamento de Políticas para a População de Rua informou ontem que o objetivo da prefeitura não é apenas contar o número de moradores de rua na capital
Há oito anos, cerca de 40% dos mendigos da capital vinham de outras cidades ou estadosMuitos não têm para onde ir, após apresentarem problemas de saúde ou serem expulsos de comunidades devido ao consumo de drogasInformações sobre essa realidade vão auxiliar políticas sociais, segundo Romina: “Não temos como expandir os serviços sem entender como eles vivem e enxergam a cidadePrecisamos trabalhar com esses dados”, explica.