Jornal Estado de Minas

Manifestantes fecham Anel Rodoviário de Belo Horizonte

Moradores da Favela da Luz e Bairro Goiânia queimaram pneus e entulhos para impedir a passagem de veículos na altura do Bairro Jardim Vitória. População cobra respostas sobre a morte de três jovens da região em confronto com a PM

Luana Cruz, Paulo Filgueiras, Cristiane Silva, Daniel Camargos, Mateus Parreiras, Pedro Rocha Franco, Luciane Evans, Leandro Couri

Cartazes têm pedido de Justiça, cobrando respostas sobre morte de três jovens da região - Foto: Sidney Lopes/EM DA Press

Moradores da Favela da Luz e do Bairro Goiânia fecharam o Anel Rodoviário na tarde deste sábado durante um protestoPor volta de 16h, o grupo, de cerca de 100 pessoas, bloqueou o sentido Belo Horizonte/Vitoria, na Região Nordeste da capitalMinutos depois, fecharam a outra direção da rodovia, mas este bloqueio durou pouco tempoSegundo a Polícia Militar Rodoviária, eles queimaram pneus e entulhos para impedir a passagem de veículosManifestantes exigiram a presença da imprensa para fazer denúncias sobre a morte de três moradores da regiãoA pista foi totalmente liberada por volta de 17h45.

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De acordo com militares da 24ª Companhia do 16º Batalhão da PM, que dão um apoio à negociação na rodovia, os moradores estão revoltados com a insegurança gerada depois que três jovens foram mortos a tiros em confronto com a PM, no último dia 16, no Bairro GoiâniaA comunidade cobra uma posição das autoridades sobre a investigação das mortes e acusa a PM de mudar a cena do crime

Depois de atentado cometido de madrugada do dia 17, policiais levantam nomes de integrantes de quadrilha que age em bairros da Região Nordeste - Foto: Marcos Michelin/EM DA PressNa madrugada do dia 17, um ônibus da linha 5503 (Goiânia - Centro) foi incendiado em represália à ação militar e a corporação entrou em alertaMilitares tentam identificar suspeitos de integrar a Gangue dos Ferreiros, que assumiu o ataque ao ônibus e gerou o clima de medo na populaçãoO veículo foi totalmente destruído, mas ninguém se feriu

A PM reforçou o policiamento no Goiânia para evitar novas represálias ao tiroteio que terminou com a morte de Davidson de Almeida, de 28 anos, conhecido como Popó, F.C.C.J, de 17, e Liomar Henrique de Oliveira da Luz, de 24

Um quarto baleado sobreviveu e agora vai passar por uma cirurgia

De acordo com a PM, os três mortos no confronto tinham passagem por roubo a casas, sequestro relâmpago e tráfico de drogasEles eram monitorados pela corporação, por suspeita de chefiar a venda de entorpecentes na regiãoRecentemente, a gangue da qual faziam parte entrou em confronto com outra, do Bairro Alvorada.

No dia das mortes, os policiais montaram o cerco à casa onde estavam os suspeitos após denúncias anônimas sobre a suposta quadrilhaO comandante da 22ª Companhia do 16º Batalhão da PM, major Cinério Gomes, disse que a equipe de militares foi recebida a tiros e revidou

Versão contestada

O pai do menor de 17 anos que morreu contesta a versão da PM dizendo que o filho não tinha envolvimento com o crime“Era só um adolescente que estava no local errado, na hora errada e os policiais não tiveram compaixão da vida dele”O homem, que preferiu não se identificar, participou do protesto neste sábado junto com outros familiares das vítimas

O objetivo da manifestação, segundo ele, é cobrar respostas das autoridades sobre o tiroteio“Houve mudança do lugar dos corpos
Meu filho estava morto quando foi levado por uma viatura para o Hospital João XXIIIMudaram a cena do crimeEle foi assassinado porque assistiu a morte dos outros, foi uma queima de arquivo”