Jornal Estado de Minas

Ciclovia da Pampulha é depredada

Delimitadores usados para separar faixa exclusiva de ciclistas estão destruídos, uma prova de desperdício de dinheiro público. Conflito da via com pontos de ônibus também é preocupação

Jorge Macedo - especial para o EM
Pedro Ferreira

Tachões fabricados com pouca quantidade de cimento são quebrados facilmente por carros e pessoas. Estreiteza da pista é motivo de queixa - Foto: Leandro Couri/EM/D.A Press.


Antes mesmo de ser concluída, a ciclovia da orla da Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, já é alvo de vandalismoOs delimitadores de concreto estão sendo destruídos e alguns estão dissolvidos pela chuva, devido à pouca quantidade de cimento usado na fabricaçãoVários estão quebrados na altura do número 17.150 da Avenida Otacílio Negrão de LimaCiclistas reclamam que, próximo à Igreja de São Francisco, a ciclovia passa dentro de um ponto de ônibus e há risco de atropelar as pessoas.

Os estudantes de engenharia Glauber Vale, de 22 anos, e Lauro Queiróz, de 21, saíram do Bairro Carlos Prates, Região Noroeste, para pedalar na Pampulha“O cimento que eles usaram para fazer os tachões é de péssima qualidade e as pessoas quebramNa Savassi, os tachões também estão sendo destruídos para estacionar carros na ciclovia”, disse GlauberLauro reclama que a ciclovia da Pampulha é muito estreita e há risco de uma bicicleta esbarrar em outra que trafega no sentido contrário“Muito ciclista acaba batendo no outro”, disse.

A funcionária pública Marília Lima, de 49, moradora do Bairro Lourdes, Região Centro-Sul, alugou uma bicicleta dupla ontem para ela e o filho Érick, de 9“Uma pena esse vandalismoÉ um espaço de segurança construído para o ciclista e eles vêm e quebramÉ dinheiro jogado fora”, lamenta
Marília foi com um grupo de amigos pedalar na orla da lagoaSegundo ela, há trechos desertos, com risco de assalto“Agora, o que está faltando é segurança no trânsito”, disse.

O mecânico Leandro Ribeiro Lima, de 25, acha perigoso passar com bicicleta dentro dos pontos de ônibus“A gente tem que tomar muito cuidado para não atropelar as pessoasOnde não tem delimitadores, os carros invadem a ciclovia e só faltam atropelar a gente também”, reclama.

A BHTrans informou que a ciclovia está sendo construída por uma empreiteira contratadaComo a obra ainda não foi concluída, a empresa vai ter que substituir os prismas de concreto estragados“Um supervisor da execução do projeto Pedala BH esteve no local e constatou que alguns delimitadores estão quebradosEm outras ciclovias, os danos são causados principalmente por carros”, informou a BHTrans

Ainda de acordo com a empresa de trânsito, um grupo que treina ciclismo de velocidade na Pampulha é contrário à instalação dos tachões de cimentoEles não podem correr com outras bicicletas na ciclovia, segundo a BHTrans, mas a barreira de segurança será mantida.

Até o fim do ano, BH terá 75 quilômetros de ciclovias, segundo a BHTrans
Até 2020, o plano é ter 380 quilômetros de pistas exclusivas para bikesCom muitas subidas e descidas íngremes, devido ao relevo da cidade, o Projeto Pedala BH privilegia trechos planos ou com inclinação máxima de 10%

Ciclistas reclamam ainda da falta de ligação entre as cicloviasQuem anda de bicicleta precisa passar por trechos sem faixas exclusivasA BHTrans informou que a lógica de implantação está sendo revista e que todas as rotas serão interligadas

Alguns trechos das ciclovias foram implantados com largura inferior ao padrão máximo de segurança, de 1,5 metro, além de haver trechos em que a faixa exclusiva está entre o estacionamento e a pista de rolamentoOs usuários se ressentem da falta de educação no trânsito e da falta de entendimento de motoristas que a bicicleta também é um meio de transporte e deve ter seu espaçoAlém disso, alertam que falta rigor no cumprimento das regras de trânsito para proteger o ciclista e as cicloviasA BHTrans informou que as críticas estão sendo levadas a reuniões periódicas com representantes de ciclistas.