Jornal Estado de Minas

Carro pode ser pista para resolver mistério sobre criança desaparecida

Vizinha anota placa de Palio preto que passou boa parte da sexta-feira rondando a casa dos pais de Arthur Pietro

Jorge Macedo - especial para o EM

Pedro Ferreira


Renata e Johney estão desesperados com o sequestro do filho e iniciaram campanha na internet, pedindo ajuda para localizar o menino - Foto: (Edésio ferreira/em/d.a press)

Um Palio preto que ficou rondando a casa dos pais do bebê raptado no Centro de Belo Horizonte pode ser a principal pista para a polícia solucionar o mistério que cerca o desaparecimento da criançaO menino Arthur Pietro, de dois meses, foi retirado dos braços da mãe por dois homens e uma mulher, por volta das 13h40 de sábado, em frente ao número 235 da Avenida OiapoqueOntem, uma vizinha da família de Arthur, que mora no Bairro Icaivera, em Contagem, na Região Metropolitana, ficou sabendo do crime e contou que na sexta-feira um Palio com placa de Belo Horizonte ficou das 11h às 16h30 dando voltas no quarteirão e passando devagar em frente à casa das vítimasO número da placa foi anotado e será passado para a delegacia responsável pela investigaçãoO marido da testemunha é policial e já verificou que não há queixa de furto ou roubo do veículo

A mulher, que pediu para não ser identificada, disse que o Palio tem os vidros escurecidos e que havia apenas um homem dentro“O carro ficou dando voltas no quarteirão”, disse a mulher, que ficou assustada e chamou três vizinhos para mostrar o veículoQuando decidiram chamar a polícia, o Palio não voltou maisSegundo a mulher, o motorista do carro passava a cada 10 minutos e sempre diminuía a velocidade em frente à casa do vigilante Johney Lima Santos Nulhia, de 24 anos, e da funcionária de uma rede de fast-food Renata Soares da Costa, de 19, pais da criança.

Renata e Johney foram interrogados até as 2h30 de ontem por policiais da Divisão Especializada de Operações Especiais (Deoesp)“Perguntaram várias vezes se a gente vendeu nosso filhoDisseram que a gente estava tranquilo demais e que eu deveria estar desesperada
Não respeitaram a nossa dorA gente não seria capaz de fazer uma loucura dessa”, disse a mãe, aos prantos“Sou louca por aquele meninoEle é a minha vida”, desabafou.

O vigilante disse que também foi pressionado“Apreenderam meu celular para rastrear as ligaçõesFicavam me perguntando: ‘Tem alguma coisa escondida? Tem algo mais que vocês queiram falar? É melhor você falar a verdade”, relatou Johney, que usou seu perfil numa rede social para reclamar da pressão dos policiais.

Sentindo muita falta do filho, Renata contou que ontem, às 5h30, instintivamente, foi ao berço pegá-lo para amamentar, como sempre fez“Eu esqueci o que tinha acontecidoO berço estava vazio e comecei a chorarSó ficaram as roupinhas, os brinquedos e os produtos que eu usava para dar banho nele”, disse a mãe, chorando“Ele sempre acordava sorrindo e não chorava
Ficava resmungando e eu o levava para a nossa cama”, contouOntem, a família começou uma campanha pela internet divulgando fotos da criança e telefones de contato para quem tiver informaçõesCartazes estavam sendo confeccionados.

ARMA NAS COSTAS

Em seu depoimento à polícia, Renata informou que pegou um ônibus no seu bairro e foi comprar uma blusa de presente para uma cunhada no Centro de BHEla disse que desceu na Estação Eldorado e seguiu de metrôAo descer da passarela da Estação Lagoinha, foi abordada pelos ocupantes de um carro preto, um casal de orientais de olhos puxados, cabelos pretos e lisos e que falava uma língua que ela não entendiaSegundo ela, o casal estava acompanhado de um homem que falava português e que a ameacou com uma arma encostada nas costas

“Ele ameaçou atirar se eu olhasse para trásA mulher puxou o bebê dos meus braços e o homem pegou a bolsa com as fraldas e o leite do meu filho”, disse a mãeEm seguida, Renata comprou um cartão telefônico numa banca, telefonou para o marido e depois avisou a políciaA câmara de monitoramento do Olho Vivo que poderia ter flagrado a cena está com defeitoA polícia tenta conseguir imagens com comerciantes da região

Na tarde de ontem, a Polícia Civil informou que equipes estavam investigando o caso e que ainda não tinha pistas sobre o que aconteceuSe houver pedido de resgate, o caso será investigado pelo DeoespCaso contrário, a Delegacia Especializada em Pessoas Desaparecidas assumirá as investigaçõesQualquer informação pode ser dada pelo Disque-Denúncia, telefone 181, e a pessoa não precisa se identificar.