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Estado de Minas

Com morte misteriosa de capivaras, PBH pode dispensar licitação para remover animais

Roedores causam danos a jardins de Burle Marx e são suspeitos de transmitir febre maculosa


postado em 26/11/2013 06:00 / atualizado em 26/11/2013 07:13

A prefeitura não sabe ainda a causa da morte dos três animais, encontrados na manhã de ontem ao lado da pista de ciclovia, no Bairro Braúnas(foto: Hamilton Latorre/Divulgação)
A prefeitura não sabe ainda a causa da morte dos três animais, encontrados na manhã de ontem ao lado da pista de ciclovia, no Bairro Braúnas (foto: Hamilton Latorre/Divulgação)


A morte de três capivaras na manhã de ontem acende discussão sobre a retirada dos animais da Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte. A prefeitura decide hoje se vai dispensar licitação e, em caráter de urgência, contratar empresas para resolver o problema sem concorrência. As escolhidas vão elaborar plano de manejo e providenciar a remoção dos roedores da orla – atualmente, o número é estimado em 250 bichos. De acordo com o vice-prefeito e secretário municipal de Meio Ambiente, Délio Malheiros, a rapidez se justifica por causa de casos suspeitos de febre maculosa na região, além do risco à segurança no trânsito e ameaça aos jardins de Burle Marx.

Ainda não se sabe a razão da morte das capivaras. Elas foram encontradas próximas ao meio-fio, na orla da lagoa, perto da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), no Bairro Braúnas. “Elas estavam com sangue escorrendo pelo nariz, orelha e boca”, conta Hamilton Latorre, funcionário de manutenção da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap).

Os corpos foram levados para a Fundação Zoo-Botânica (FZB) e passarão por necropsia. A FZB estima em pelo menos 30 dias o prazo para os laudos sobre a causa da morte serem concluídos. “Esse fato reforça a necessidade da retirada dos animais”, afirma o vice-prefeito, que está a frente do processo.

HOSPEDEIRAS
Inicialmente motivada pelo pisoteio dos jardins de Burle Marx pelos roedores, a licitação para a remoção estava marcada para setembro, mas teve atrasos. A partir de posicionamento da Procuradoria-Geral do Município, a tentativa será dispensar o processo licitatório. “A dispensa poderia acontecer porque as capivaras representam um risco à saúde pública. Há casos suspeitos de febre maculosa. Um pessoa que ficou doente e melhorou havia andado pelo parque”, diz. Ele cita ainda os danos aos jardins da Pampulha e o risco ao trânsito. As capivaras são hospedeiras do carrapato-estrela, transmissor da febre maculosa.

Sem a licitação, segundo Malheiros. todo o enfrentamento do problema poderá ocorrer em quatro meses. O investimento deverá ser de R$ 350 mil a R$ 500 mil, mas vai depender do número de capivaras o detalhamento do plano de manejo, que deverá ser aprovado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). “Vamos tentar tirar o máximo. Elas serão cercadas e analisadas uma a uma. Faremos a análise dos carrapatos e, caso o animal esteja contaminado, será sacrificado e incinerado. Os animais saudáveis serão levados para um parque ecológico, que ainda vai ser definido pelo plano”, afirma.

PREVENÇÃO
Presidente da Associação Amigos da Pampulha (Apam), Flávio Marcus Ribeiro de Campos afirma que a retirada não é consenso entre os moradores da região. “Alguns dizem que elas são bem-vindas, pois estão aqui há muito tempo e não amolam. Outros temem a febre maculosa”, diz. Já o Movimento Mineiro pelos Direitos Animais é categórico quanto à permanência dos bichos. “Esses animais são as vítimas da degradação no entorno de BH”, afirma Adriana Cristina Araújo, uma das integrantes do movimento.

A entidade defende a castração, a colocação de microchips, a identificação e o manejo sustentável das capivaras. “É preciso prevenir a questão da febre maculosa com o controle dos animais e do carrapato estrela. Nosso receio é que, ao serem retirados, os animais sejam encaminhados para abatedores por causa do alto valor de carnes exóticas”, diz Adriana, que cita exemplos de cidades que conseguiram conviver bem com o animal em meio urbano. “O Chuí, no Rio Grande do Sul, e Blumenau, em Santa Catarina, mantiveram as capivaras.”

SAIBA MAIS: alta reprodução
A capivara é o maior roedor do mundo, medindo até 1,30m de comprimento e 0,60m de altura. Pode chegar a 100kg, mas seu peso médio é de 50kg para fêmeas e 60kg para machos. Vivem normalmente em grupos de dois a 30 indivíduos, em que há sempre um casal dominante. Herbívoro, o animal consome de três a quatro quilos de vegetação fresca por dia. Reproduz-se a partir dos dois anos. O período de gestação varia de 120 a 140 dias, ao fim dos quais uma fêmea adulta pode ter de dois a seis filhotes, e mais de uma cria por ano. Onças, jacarés e piranhas são seus predadores naturais.


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